1 — “Morte ao mouro na roda! Eu, Marquês, determino!…”
Bradava Dom Vidal, de flórea platibanda.
E, de cabeça em fogo, a vítima demanda:
— “Valei-me, ó Tribunais do Socorro Divino!”
2 Outros mouros se vão, a regalos de sino…
Um dia, Dom Vidal, enquanto se desmanda,
Vê a morte chegar… Cede-lhe à força branda,
Mas, liberto da carne, é um louco sem destino.
3 Correm tempos de dor… O fidalgo violento
Renasce em provação!… Penúria, sofrimento…
Paranoico e obsesso, exibe pompa espúria.
4 Alucinado agora, em tugúrio singelo,
Proclama: “Eu sou Marquês!… Quem roubou meu castelo?”
Depois tomba na laje em acessos de fúria…
Valentim Magalhães
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