1 Quando a nuvem acionou
seus canhões invisíveis,
ribombando no espaço,
ouvi a mensagem da abundância.
2 Quando o raio
cortou o tecido espesso das trevas
com a lâmina da morte em esplendor,
respirei o ar puro do céu lavado.
3 Quando o vento sacudiu o arvoredo
com seu rebenque aéreo,
enxerguei as flores
que permaneceriam fiéis aos frutos.
4 Quando o aguaceiro jorrou dos céus,
com as suas cataratas imensas,
inundando os caminhos,
vi a mesa farta,
rodeada de crianças felizes.
5 Quando o sofrimento aparece,
diante de nós,
crivando-nos o ser com farpas intangíveis,
vejo nossas almas
nos píncaros do Planeta,
sob o fulgor sem sombra do zênite,
cada qual carregando em si mesma
o seu próprio Universo,
prontas a desferir
o voo livre e belo
para o sem-fim da Perfeição.
Caetano Pero Neto
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