1 Reencarnação!… Descer de mansão doce e flórea,
Ninho tecido aos sóis qual fúlgida escumilha,
Onde a vida pompeia excelsa maravilha,
E afundar-se na sombra em lodacenta escória!
2 Ante o ser livre e belo — ave aos cimos da glória —
Recorda o corpo escravo ascorosa armadilha;
O berço — irmão do esquife — é a furna em que se humilha
Todo sonho ideal de ventura incorpórea.
3 Reencarnação, porém, é a Justiça Perfeita,
A Lei que esmonda, ampara, aprimora e endireita,
Por mais o coração inquira, chore ou trema!…
4 Alma, entre a lama e a dor da luta em que te abrasas,
Crias teu próprio mundo e as tuas próprias asas
Para galgar, um dia, a vastidão suprema!…
Contâncio Alves
|