1 A Terra disse ao Tempo: — “Aonde me levas,
Cavaleiro invisível, mudo e errante,
Que a luta me renovas, cada instante,
Desde as primeiras formações longevas?
2 Monstro que me apavoras e me enlevas,
Porque, seguindo a passo de gigante,
Trazes a luz do dia fulgurante
E amortalhas o dia, sob as trevas?!…”
3 Mas o Tempo clamou: — “Escuta e lida!
Eu sou teu companheiro para a vida,
Impelindo-te aos sóis da eternidade!
4 Tudo altero em teu seio, pólo a pólo,
Desde as nações aos vermes de teu solo,
Menos a Eterna Lei da Caridade.”
Antero de Quental
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