1 Deus te vê, alma querida,
Quando te pões na trilha escura,
Para ajudar aos filhos da amargura
Que tanta vez se vão
Como sombras errantes no caminho,
— Chagas pensantes ao relento, —
Entre as nuvens do Pó e as pancadas do Vento,
Com saudades do Pão…
2 Deus te vê a mensagem de bondade
Com que suprimes ou reduzes
As provações, as lágrimas e as cruzes
Dos que vagam na rua sem ninguém,
E te agradece as posses que desprendes,
No auxílio ao companheiro em desamparo,
Seja um tesouro inesperado e raro,
Seja um simples vintém!…
3 Deus te vê quando estendes braço amigo
Aos que carregam lenhos de tristeza,
Doando-lhes o afeto, o abrigo, a mesa,
O remédio, a camisa, o cobertor…
E, por altos recursos sem que o saibas,
Manda que a Lei te aumente os dons divinos,
Em mais belos destinos,
Para a glória do amor.
4 Deus te vê na palavra com que ensinas
A senda clara, e boa
Da verdade que alenta e que abençoa
Sem perturbar e sem ferir…
E determina aos homens que teu verbo
Seja apoiado, aceito
E ouvido com respeito,
Na construção excelsa do porvir.
5 Deus te vê quando acolhes sem revide
O golpe da pedrada que te insulta,
O braseiro da ofensa, a dor oculta
Em ferida mortal…
E te louva o perdão espontâneo e sincero
Com que ajudas o Céu no trabalho fecundo
De extinguir sem alarde, entre as sombras do mundo,
A presença do mal!…
6 Deus te vê, através da caridade!…
Mas não só isso… Em paz calada e santa,
Pede alguém que te siga e te garanta
Na jornada de luz!…
E, por isso, onde estás, rujam trevas em torno,
Sofras humilhação, injúria, cativeiro,
Tens contigo um sublime companheiro:
— Nosso Amado Jesus!…
Maria Dolores
FIM
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