1 A liberdade é a raiz da vida consciente; no entanto, a cada passo urdimos entraves e impedimentos para nós mesmos.
2 Não nos reportamos à clausura de pedra, que funciona à guisa de hospital para as inteligências envenenadas na delinquência, e sim aos grilhões invisíveis a que milhares de criaturas jazem escravizadas.
3 Prisões sem grades dos elos consanguíneos, em que os adversários de outras eras se defrontam, dia a dia, entre as paredes imponderáveis do tempo, no abraço compulsório da assistência recíproca, em nome dos compromissos familiares…
4 Cubículos de vermina, limitados pela epiderme, nos quais os desertores do dever expiam culpas sob a longa constrição de moléstias irreversíveis no corpo físico…
5 Ferretes de inibição, geometricamente fixados em certos órgãos e membros do veículo físico, retificando aspirações ou frenando impulsos…
6 Grilhetas de pauperismo, circunscritas aos marcos da condição social, em que se corrigem antigos e festejados malfeitores da fortuna amoedada…
7 Calabouços de obsessão, em cujo clima de ansiedade se reajustam sentimentos transviados ao peso de estranhos desequilíbrios…
8 Esses obstáculos e masmorras, entretanto, são entretecidos simplesmente por nós, sempre que nomeamos o egoísmo e a vaidade, a intemperança e o vício para a função de carcereiros de nossas almas.
9 Mesmo assim, sobre semelhantes cadeias, a liberdade brilha vitoriosa.
10 E consola-nos reconhecer que todo Espírito em cativeiro é intimamente livre para recuperar a própria liberdade, porquanto, no ângulo mais escuro do mais escuro cárcere, todos somos livres no pensamento para refazer o destino, obedecendo à justiça e praticando o bem.
Emmanuel