“E, pondo-a no meio, disseram-lhe: — Mestre, está mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando.” — (JOÃO, 8.4)
1 O caso da pecadora apresentada pela multidão a Jesus envolve considerações muito significativas, referentemente ao impulso do homem para ver o mal nos semelhantes, sem enxergá-lo em si mesmo.
2 Entre as reflexões que a narrativa sugere, identificamos a do errôneo conceito de adultério unilateral.
3 Se a infeliz fora encontrada em pleno delito, onde se recolhera o adúltero que não foi trazido a julgamento pelo cuidado popular? Seria ela a única responsável? Se existia uma chaga no organismo coletivo, requisitando intervenção a fim de ser extirpada, em que furna se ocultava aquele que ajudava a faze-la?
4 A atitude do Mestre, naquela hora, caracterizou-se por infinita sabedoria e inexcedível amor. Jesus não podia centralizar o peso da culpa na mulher desventurada e, deixando perceber o erro geral, indagou dos que se achavam sem pecado.
5 O grande e espontâneo silêncio, que então se fez, constituiu resposta mais eloquente que qualquer declaração verbal.
6 Ao lado da mulher adúltera permaneciam também os homens pervertidos, que se retiraram envergonhados.
7 O homem e a mulher surgem no mundo com tarefas específicas que se integram, contudo, num trabalho essencialmente uno, dentro do plano da evolução universal. No capítulo das experiências inferiores, um não cai sem o outro, porque a ambos foi concedido igual ensejo de santificar.
8 Se as mulheres desviadas da elevada missão que lhes cabe prosseguem sob triste destaque no caminho social, é que os adúlteros continuam ausentes da hora de juízo, tanto quanto no momento da célebre sugestão de Jesus.
Emmanuel