1 O mundo repleto de máquinas mais se parece ao mar, quando agitado.
2 Interesses em conflito.
3 Classes insatisfeitas.
4 Famílias desarvoradas.
5 Lares desfeitos.
6 Reivindicações na base da violência.
7 A imprensa veiculando os desastres sociais.
8 Gente rixando, discutindo.
9 Sentem-se os impactos da maré alta e as depressões da maré baixa.
10 As ondas da opinião arrastam as criaturas de um lado para outro, enquanto a tensão lhes espanca os nervos e lhes corrói a resistência.
11 Você pode, no entanto, construir a sua ilha de refazimento.
12 Escolha um horário, ainda mesmo estreito, para o seu banho de silêncio.
13 Imagine-se num recanto verde do campo ou na tranquilidade de uma praia deserta.
14 Ouça a você mesmo. Todos possuímos vozes inarticuladas na mente.
15 Procure revisar o que lhe aconteceu, horas antes. Reconsidere as aquisições que realizou e os ajustes que haja feito.
16 Se alguém feriu a você, mesmo de leve, perdoe a esse alguém com todas as suas reservas de compreensão.
17 Se você ofendeu a determinada criatura, comece o seu pedido de perdão em pensamento e busque agir, de modo que a pessoa ferida lhe possa ver a presença no ângulo da renovação para melhor.
18 Articule os seus planos de trabalho sem precipitação e sem fantasia.
19 Anote a beleza que o mundo nos oferece: uma fonte de água limpa, o sorriso de uma criança, uma flor que o vento auxilia a curvar-se, homenageando a sua passagem, ou uma nesga de céu azul.
20 Levante a sua ilha, no mar bravio das horas, e refaça as próprias forças dentro dela. E, no silêncio com que ela enriquece a sua existência de serenidade e consolo, compreenderá você quanto é belo saber que estamos todos juntos, na mesma embarcação, que a todos nos transporta, em sua viagem multimilenária para o nosso encontro com Deus.
Augusto Cezar