1 Recebi a sua mensagem, lembrando-nos algo comentar, acerca dos companheiros amadurecidos na experiência física. Tempo dos chamados idosos.
2 Você, prezado amigo, ao completar os noventa e dois janeiros, nos fala com melancolia:
— “Vale a pena viver muito num corpo em avançado desgaste?”
3 E nós respondemos:
— “Ser-nos-á lícito desprezar a vida que é sempre concessão de Deus? Quem substituirá a compreensão dos que adquiriram conhecimento? Que seria da infância e da juventude sem a orientação daqueles que já palmilharam longos trechos de caminho?…”
4 Diz você:
— “Que pode um homem realizar no entardecer das próprias forças?”
5 E passando a considerar mais detidamente o assunto, recordamos a presença dos troncos, por vezes centenários, carregados de ninhos:
6 nos braços vigorosos, hospedam pássaros que lhes abençoam o refúgio;
7 quando o clima se faz demasiado quente e áspero, ei-lo que se transforma em toldo refrigerante para os viajores fatigados;
8 se não longe dele os estreitos regatos desaparecem na terra seca, temo-lo na condição de protetor de fontes ocultas, das quais dimana a água limpa que assegura a existência de poços providenciais.
9 Além disso, um tronco assim é um prodígio de frutos substanciosos de que homens e animais se aproveitam para viver.
10 Mais ainda, essa árvore marcada pelo tempo, unida a outras muitas, são fatores de nutrição do ambiente em que derramam as essências que lhes são próprias.
11 Lembre o tronco a que nos reportamos e não nos fale em velhice.
12 Tempo consagrado aos idosos, tempo de maturidade e mais vida.
13 Creia. Se existe no Universo algum ser maravilhosamente velho e eternamente novo, esse alguém decerto é aquele que todos veneramos sob o santo nome de Deus.
Augusto Cezar