O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Presença de luz — Augusto Cezar


2

Estrela da bênção

1 Era uma criança tão linda que os pais nela percebiam a doce presença de uma estrela.

2 Sorria e dissipava as sombras que se lhe adensassem ao redor.

3 A quem se lhe abeirasse do berço, estendia as mãos abertas.

4 Cresceu amando a natureza e sabia colocar-se em oração, quando pronunciava o nome de Deus.

5 Muitas vezes, dela me aproximei, para recolher-lhe os pensamentos de ternura, à feição da abelha quando busca na flor o aroma nutriente.

6 A bela criança caminhou para a juventude e reconheci com alegria que a bondade de Deus a colocava sob a proteção de um homem leal e generoso que ela própria cativara com os seus dotes de bondade e beleza.

7 Somente aí, ao vê-la no rumo de vida nova, é que percebia a realidade em que o Céu nos situava.

8 Ela residia espiritualmente, dentro de mim, qual a pérola entretecida nas entranhas da ostra, por lágrimas cristalizadas de uma saudade que nunca soube de onde vinha, mas eu, também, estava no coração dela em forma de sonho.

9 E tanto me vi no espelho de sua alma que, um dia, atendendo-lhe as preces formadas de cariciosas esperanças, permitiu a Divina Providência que eu tomasse um novo corpo em seu amor e passei a viver nos seus braços de veludoso carinho.

10 Desde então, encontrei o paraíso que procurava.

11 Nessa criatura feita por Deus para a minha felicidade, cessavam todas as minhas inquietações.

12 Se cada dia era um pedaço de minha viagem na Terra, cada noite nela recolhia as âncoras de meu barco para repouso e refazimento.

13 Entretanto, Deus, que nos concedera a oportunidade de construir um céu no mundo, solicitou conduzíssemos o nosso recanto de ventura para as lutas humanas, a fim de que outros corações aprendessem igualmente a ser felizes.

14 Voltei ao Grande Lar e agitei as campainhas da saudade. Chorei por ela e ela chorou por mim.

15 A separação nos doía, qual se fôssemos um só coração partido em fragmentos de angústia.

16 Ainda assim, as recordações do paraíso de união brilhavam comigo e pedi-lhe o apoio de que necessitava.

17 Ela veio a mim com a devoção com que fui a ela no mundo e, juntos de novo, começamos a semear esperança e amor entre as criaturas irmãs da Terra.

18 De almas unidas e mãos entrelaçadas, seguimos de tarefa em tarefa e de caminho em caminho.

19 É para essa criatura maravilhosa que trago hoje os meus parabéns pelo aniversário. Com jubilosa ternura, ajoelho-me para beijar-lhe as mãos.

20 Que ninguém, no entanto, me pergunte quem é essa mulher que oculta no peito a bondade dos anjos, já que ela, em verdade, não tem cópias. Bastará que a vejam nos meus olhos, porque essa estrela da bênção tem para mim a presença de Deus, nestas duas palavras:
— “Minha Mãe!…”


Augusto Cezar


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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