1 Abandonar pai e mãe, ( † ) a fim de nos confiarmos à perfeita integração com o Cristo, não será, de modo algum: a negação de nossos deveres domésticos, o esquecimento do nosso débito para com os progenitores e nem o deliberado abandono das nossas obrigações em família, para nos entregarmos ao desvario da delinquência.
2 A verdadeira renúncia não é desistência da luta edificante e, sim, o trabalho silencioso no auxílio àqueles que nos propomos auxiliar ou salvar.
3 Quem renuncia com Jesus não se ausenta da paisagem de serviço onde a vida lhe impõe dificuldades amargas e problemas difíceis, mas permanece fiel ao Mestre, no quadro de provações em que lhe cabe exercitar a humildade e a paciência, aprendendo a apagar-se na esfera do próprio “eu” para o justo soerguimento daqueles que o cercam.
4 Quem sinceramente abandona os pontos de vista inferiores, desvencilhando-se das pesadas algemas do egoísmo inquietante, sob a inspiração do Evangelho, guarda os ensinamentos recebidos e auxilia aos parentes e amigos, afeiçoados e conhecidos, com desvelo e segurança.
5 O Apóstolo, aliás, nos adverte: “Se não sabemos amar ao irmão que se encontra mais próximo de nós, como poderemos amar a Deus que se encontra distante?” ( † )
6 Se não amparamos ao companheiro que vemos, como conseguiremos auxiliar aos anjos que ainda não podemos ver?
7 Em matéria de renunciação não nos esqueçamos do exemplo do Senhor. Vilipendiado, escarnecido, dilacerado e crucificado, Jesus renuncia ao contentamento de permanecer em seu Divino Apostolado na Galileia, aceitando o extremo sacrifício, mas, ao terceiro dia, depois do transe da morte, sob a Eterna Claridade da Ressurreição; ei-Lo que volta aos beneficiários indiferentes e aos discípulos enfraquecidos, revelando a qualidade do seu Amor Excelso e Sublime pela Humanidade inteira.
8 Abandonar os que convivem conosco, portanto, por amor ao Evangelho, é calar os pruridos de nossa personalidade exclusivista e gritante, para ser-lhes mais úteis, no anonimato da compreensão e da caridade.
9 Para seguirmos ao Cristo não basta esquecer o mal e sim plantar sobre a ignorância e sobre a penúria que o produzem, a lavoura divina do verdadeiro bem.
Emmanuel