1 Vi um monstro pairando sobre a Terra
Como um corvo de garras infinitas,
Cobrindo multidões tristes e aflitas:
Visão de luto e lágrimas que aterra!
2 Vi-o de vale em vale, serra em serra
E disse: — “Quem és tu que abres e excitas
Os pavores e as cóleras malditas?”
E o Monstro respondeu: — “Eu sou a Guerra!
3 Não há forças no mundo que me domem.
Sou o retrato fiel do próprio homem,
Que destrói, luta e mata e vocifera!
4 Venho das trevas densas, da voragem,
Dos abismos de dor e da carnagem,
Para mostrar ao homem que ele é fera!…”
Antero de Quental
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