O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice |  Princípio  | Continuar

Páginas de gratidão.

Títulos de Cidadania concedidos a Francisco Cândido Xavier.

Título de Cidadão Campineiro

(Ginásio de Esportes “Alberto Jordano Ribeiro” - Parque Taquaral - Campinas. SP. 27 de julho de 1974.)

Ouvi profundamente emocionado as considerações e saudações do Ex.mo Sr. Dr. Antônio Rodrigues dos Santos Júnior, digno Presidente da Câmara Municipal desta cidade e do Ex.mo Sr. Vereador Adauto Ribeiro de Mello, e recebo todas as considerações que guardo no meu coração por empréstimo de luz, nas sombras que ainda carrego, pedindo a Deus me faça digno de, um dia, merecê-las com a possibilidade de retribuir magnanimidade tamanha.

A absoluta falta de mérito de minha parte me fez adiar, desde 1972, a emocionante responsabilidade desta hora:

A honrosa cidadania campineira — o título honorífico que me concedestes, através dos respeitáveis poderes municipais de Campinas, por indicação do Ex.mo Sr. Dr. Antônio Rodrigues dos Santos Júnior, digno Presidente da Câmara Municipal desta cidade, e do Ex.mo Sr. Vereador Adauto Ribeiro de Mello, que se me erguem dentro d’alma por benfeitores inesquecíveis — pertence, por direito de trabalho e conquista, aos dignos e distintos companheiros do Espiritismo Evangélico em Campinas, embora me sinta profundamente honrado e expressando, dentro de minhas estreitas possibilidades, a minha alegria imensa em poder ser, neste augusto recinto, o menor servidor dos vossos servidores para recebê-lo.

Creio, mesmo, que, para demonstrar o máximo de vossa generosidade, em comemorando os dois resplendentes séculos de Trabalho, Progresso, Educação e Cultura que assinalam o vosso luminoso destino, decidistes permitir a minha apagada presença, a fim de recolher semelhante honraria, de modo a confiá-la àqueles que são seus legítimos detentores.

Rogo, assim, consentimento para transmitir, simbolicamente, o título que me concedestes à comunidade espírita-cristã campineira, na memória dos apóstolos e companheiros da “Causa do Bem” com Nosso Senhor Jesus Cristo no cristianismo redivivo, quais sejam nossos inesquecíveis pioneiros do Espiritismo em Campinas:

Dr. Joaquim de Souza Ribeiro, Servílio Marrone, Gustavo Marcondes, Benedito Gonçalves do Nascimento, Manoel Alfaia, Teófilo Siqueira, Hermínio Fiori, D. Josefa Fernandes, D. Emília dos Santos Mota e tantos outros.

Entretanto, à frente da grande Campinas de meio milhão de habitantes, diante da grande cidade que se transformou em brilho permanente do Estado de São Paulo e do Brasil inteiro, rogo também a vossa permissão para transferir, simbolicamente, esta homenagem à memória dos Reverendos Frei Antônio de Pádua e Frei Manoel de Santa Gertrudes, n que invocaram as bênçãos de Deus sobre a fecunda terra campineira nos ofícios religiosos da manhã de 14 de julho de 1774.

A todos aqueles que amaram e amam esta cidade; a todos aqueles que a prestigiaram e prestigiam, seja nos domínios da fé religiosa, nos poderes públicos civis e militares, na ordem pública, na ciência, na instrução, na inteligência, na arte, nas virtudes cristãs, no trabalho permanente e construtivo de todos os dias por um Brasil melhor e maior diante do mundo, as nossas saudações e nosso respeito máximo.

Quisera configurar em palavras o profundo reconhecimento que me vai por dentro do coração diante de vossa generosidade, acolhendo-me na comunidade campineira como sendo um dos seus filhos, conquanto a minha ausência de mérito para isto.

Entretanto, creio que a Sabedoria Divina criou as palavras para controle dos nossos pensamentos, a fim de que a explosão de nossa emotividade não venha a quebrar as leis da evolução progressiva, que a todos nos cabe na Vida Espiritual.

Devem existir, por certo, meios de comunicação que consigam expressar aquilo que fica dentro de nós, no terreno indevassado de nossas próprias almas.

Penso, muitas vezes, que as conexões geométricas dos astros do firmamento são mensagens de Deus que não sabemos ainda decifrar; que as cores do arco-íris compondo, embora, uma suposta miragem, exprimem notícias do Sol que ainda não sabemos apreender. Creio que a forma diversificada das cores fala de princípios da Natureza, dos quais ainda não nos apercebemos.

Admito que as estruturas atômicas dizem, por si, de leis do Universo que nós ainda não conseguimos registrar.

Mas, creio também que, nas grandes horas, quando as nossas emoções permanecem manifestas, Deus concedeu-nos o benefício silencioso das lágrimas, para que elas falem do indevassado de nossos corações. Ofereço, assim, queridos amigos e benfeitores campineiros, ofereço-vos as lágrimas de alegria e de reconhecimento que me vertem d’alma por sinal daquilo que não consigo dizer: o meu júbilo inexprimível, a honra imensa de que me sinto investido com a elevada cidadania campinema. Nestas lágrimas, porém, traduzo não somente o meu agradecimento a vós outros, mas, também, as saudações efusivas, as felicitações calorosas do meu coração de servidor e dos corações de todos aqueles que vos visitam em nossa companhia, pela passagem do luminoso bicentenário do progresso de Campinas dentro do Brasil.

Nestas palavras de agradecimento, uma força compulsiva, estranha a qualquer propósito de espetacularidade ou demagogia, me obriga a dizer-vos que este é um anfiteatro transformado num santuário de luz. E, aqui, diante de nós, personalidades e quadros de Campinas do passado desfilam através de processos que a minha ignorância não sabe entender e nem definir, abençoando-vos e rogando a Deus por vossa paz, segurança, progresso e felicidade.

Perdoar-me-eis se vos expresso semelhantes notícias que, a rigor, deveriam ficar permanentemente guardadas dentro do meu próprio coração, pois se formam em Plano Superior ao nosso, e essas informações as ouço, como se me encontrasse num processo de dublagem que eu próprio não sei entender e nem explicar.

Diante de nós, passam antigos companheiros do grande colonizador que foi Francisco Barreto Leme, n e aqueles que lhe assessoraram o pioneirismo renovador.

Surgem figuras veneráveis, tais como Francisco Glicério, João Quirino, Quirino dos Santos, Jorge Miranda, heróis da causa republicana dentro da vida campineira. n Passam remanescentes da Banda Filofêrnica, n tendo à frente Pedro Santana Gomes, José Pedro Santana Gomes, corrijo a minha audição, o querido “Juca Músico” de Campinas. n

Passam as figuras respeitáveis do Sr. Manoel José Gomes e de Dona Maria Candelária de Oliveira, n ambos acompanhados por aquele que representa o gênio fulgurante do Brasil no mundo inteiro. O grande e inesquecível Maestro Carlos Gomes, ( † ) que, nestes dias de julho de 1974, deseja ser lembrado, explica ele, como sendo o “Tonico” do Maneco Músico, o jovem que se inspirava nos Céus e nas flores de Campinas para expressar a grandeza de vossos sentimentos e de vossas inspirações. n

Destaca-se a legião da Professora Cavalheiro, n acompanhada de criaturas angelizadas e seguida pela Ex.ma D. Maria Luíza de Souza Aranha, a respeitada Baronesa de Campinas, n rodeada de amigas, que pedem a Deus por vossa felicidade.

Surge a figura de Neco Rodrigues, n que fala recordando os companheiros das serestas campineiras. Passam tantos vultos, tantas figuras inolvidáveis que a nossa retentiva estimaria guardar para sempre.

Passa diante de nós a pequena legião de criaturas alegres, que se intitulam como sendo a “Banda do Boi”, seguida pelo maestro Zimbre. n

Passam diante de nós figuras venerandas que se expressam como sendo os grandes amigos campineiros: Oscar Bierrenbach, n Rodolfo Noronha, Ibrantina Cardona, Júlio Righel e tantos outros amigos e tantas criaturas maravilhosas que se encontram conosco, entre nós e sobre nós, e um deles, que se diz o Barão de Ataliba Nogueira, explica:

— Diga, Chico Xavier, que, em todos os dias de julho de 1974, Campinas está sob a Aleluia das Moedas, mas a grande data tradicional de Campinas já não jorra moedas terrestres ou humanas, mas bênçãos de luzes, flores e estrelas da Vida Espiritual. n

Quisera prosseguir nesta saudação em que as lágrimas são contidas, para que a minha voz inexpressiva consiga se fazer escutada.

Entretanto, a emoção tem igualmente os seus limites no mundo da expressão. Agradeço, assim, a Campinas a honra que me concede.

Agradeço as atenções do Ex.mo Sr. Dr. Lauro Péricles Gonçalves, MD. n Prefeito Municipal de Campinas, pelas gentilezas e atenções a nós conferidas.

Agradeço ao Ex.mo Sr. Dr. Antônio Rodrigues dos Santos Júnior, e a todos os seus dignos pares na Edilidade campineira, tudo aquilo de belo e bom que nos foi ofertado e que nos acompanhará para sempre.

Agradeço aos companheiros espíritas desta terra abençoada por tudo de bom que me concederam. Agradeço ao Diário do Povo, ao Correio Popular, ao Jornal da Cidade, outros jornais, aos queridos amigos da Rádio Cultura, da Rádio Educadora, da Rádio Brasil, da Rádio Difusora, da Rádio Andorinha, todos os benefícios e todas as atenções que temos recebido. Agradeço ao nosso amigo, Mário Boari Tamassía; agradeço à nossa querida irmã Terezinha de Oliveira; a tantos companheiros outros que a memória, ofuscada pela emoção, não me permite recordar agora. Agradeço a todos os companheiros espíritas de Campinas a gentileza, o carinho que nos dispensaram.

E, porque as lágrimas impedem a minha palavra inexpressiva, quero abraçar, respeitosamente, a terra fecunda e generosa de Campinas na presença de todos os seus filhos.

Peço a Deus para que estas flores, cuja linguagem deve ser mais bela, possam exprimir a esta Câmara Municipal, a muito digna Edilidade campineira, a minha alegria e o meu reconhecimento.

E, reexpressando todo o meu amor respeitoso, toda a minha infinita admiração por tudo que Campinas representa em favor de nós todos, os brasileiros, em São Paulo e no Brasil inteiro, peço a Deus que engrandeça Campinas cada vez mais.

Rogo a Nosso Senhor Jesus Cristo que nos conserve na bendita paz que estamos encontrando neste santuário augusto das leis. E, abraçando a todos, beijando, respeitosamente, as mãos de todos, por meus amigos e por meus benfeitores, cuja generosidade nunca saberei retribuir, mais uma vez rogo a Deus nos abençoe e ilumine e engrandeça, agora e sempre, cada vez mais, a nossa grande, a nossa abençoada, fecunda e maravilhosa Campinas Imortal.


NOTA: O discurso foi extraído das notas taquigráficas do respectivo serviço da Câmara Municipal, declarando o taquígrafo que não foi feita revisão pelo autor. As citações numeradas se encontram na Carta do historiador Jolumá Britto para melhor elucidação da matéria e prova de acerto das referências do médium-orador.

Mário Tamassía


Carta de Jolumá Britto a Mário Boari Tamassía

(Historiador campineiro, autor de aproximadamente 30 obras, versando sobre história relativa a Campinas e adjacências. Por nossa solicitação, ele se dignou de nos enviar a seguinte e importante carta, apreciando os tópicos históricos a que se referiu Chico Xavier, na maioria, através da sua vidência e clariaudiência — Mário Tamassía.)

Campinas, em 6 de setembro de 1974.

Dr. Mário. Li atentamente cópia do discurso proferido pelo Sr. Francisco Cândido Xavier na solenidade da outorga do título de cidadão campineiro, podendo, assim de pronto, fornecer-lhes os seguintes subsídios:


1.) Frei Antônio de Pádua foi, de fato, religioso franciscano, da Província do Rio de Janeiro.) - Quanto ao Frei Manoel de Santa Gertrudes, era prior, ou que o valha, do Mosteiro S. Bento. (correto)


2.) Francisco Barreto Leme foi, como todos sabem, colonizador e assim procedeu em Jundiaí e Campinas, para onde se mudou.


3.) Francisco Glicério, João Quirino, que assinava também João Quirino dos Santos, irmão de Francisco Quirino dos Santos, e Jorge Miranda foram autênticos heróis da causa republicana, principalmente Glicério e, por ela, muito lutaram.


4.) A Banda Filofêrnica, a que se refere Chico Xavier, existiu realmente e foi fundada por volta de 1863, tendo à sua frente:

5.) José Pedro de Sant’Ana Gomes, o querido Juca Músico de Campinas, irmão de Carlos Gomes, filhos de Manoel José Gomes.

6.) Maria da Candelária que, no assento de batismo, está somente assim escrito, sem o Oliveira, foi madrinha de batismo do Carlos Gomes.
(Tudo correto)


7.) A lembrança do Tonico (Carlos Gomes) e o seu pedido, infelizmente, não foram assinalados no Bicentenário da cidade apenas por motivos que nos fogem, e é hoje ele mais conhecido, popularmente, como Tonico de Campinas.


8.) A Sr.a Cavalheiro foi diretora do Grupo Escolar que, atualmente, tem o nome de “Castorina Cavalheiro”, próximo ao Posto Três Avenidas.


9.) Maria Luzia, e não Luíza de Souza Aranha, foi mãe do Marquês de Três Rios. ( † ) Ela foi, pois, a Baronesa e Viscondessa de Campinas, ( † ) tendo recebido esses títulos depois de viúva.
Tudo correto, acrescentando-se que o Marquês era filho de Francisco Egídio de Souza Aranha, tronco da família desses apelidos.


10.) Neco Rodrigues foi um famoso violonista deste século e que chegou a dar concertos na P.R.C. 9, cujo nome todo era Manoel Rodrigues. Era, de fato, criatura alegre e descontraída, sempre sorridente.


11.) Assim como existiu a falada legião integrante da Banda do Boi, cujos aparelhos e vestes carnavalescas estão hoje no Bosque Municipal. O maestro da Banda era realmente o seu diretor e principal organizador. Seu nome era Zimbres.


12.) Oscar não, deve ser “Cesar Bierrenbach”, fundador do Centro de Ciências, Letras e Artes.
De resto tudo certo: Rodolfo Noronha foi jornalista deste século e colaborador do Correio Popular, enquanto que Ibrantina Cardona, nome menos conhecido, foi poetisa e jornalista que, no entanto, visitava Campinas frequentemente! Quanto a Júlio Riedel, foi jornalista da velha guarda, e acreditamos que o taquígrafo apanhou o som parecido “Rieghel”.


13.) O Barão de Ataliba Nogueira ( † ) e todos os titulares do Império e grandes fazendeiros, em dias festivos, reuniam os pobres da cidade, em torno de suas residências na cidade, distribuindo alimentos às mancheias, notadamente moedas de 40 réis ou os chamados vinténs; e acredito que a referência a Aleluia de Moedas esteja certa, confirmando o que se escreveu.


O curioso de tudo isso, Dr. Mário, é que o Neco Rodrigues era de fato um exímio violonista, como já referi, e organizador das serenatas ou serestas, que tanto iluminaram as passadas noites de Campinas.

Certas, pois, todas as citações feitas, em demonstração importantíssima do boníssimo amigo Chico Xavier.

Jolumá Britto

(Chico Xavier — Mediunidade e Ação de Carlos A. Baccelli)


Caio Ramacciotti

Organizador   



[14] M.D. = Mui(to) Digno.


Abrir