O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Pinga-fogo — Emmanuel — Entrevistas


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Então cale a boca e morra com educação

1 Almir Guimarães — Chico, um telespectador, eu não sei se isso aconteceu, pede que você conte um fato ocorrido num avião em que você viajava, cujos motores entraram em pane, e você também como os demais passageiros, o que era perfeitamente natural, entrou em pânico. O que aconteceu dentro desse avião?

Chico Xavier — A resposta exige uma atitude talvez de fazer um pouco de humor, mas é a verdade o que eu vou contar. Em 1959 eu me dirigia de Uberaba, para onde eu me transferira recentemente, eu me dirigia para Belo Horizonte junto da qual está Pedro Leopoldo, a terra onde nasci na presente encarnação. Então o avião decolou de Uberaba e fez uma breve parada na cidade de Araxá. Depois, o avião decolou de novo. Depois de uns 10 minutos o avião começou a se inclinar para um lado, para outro, às vezes fazia uma pirueta e o pessoal começou todo a gritar e a pedir a Deus, pedir socorro, e eu estou ali acompanhando. Veio o comandante do avião e disse que não nos impressionássemos, que era um fenômeno chamado “vento de cauda”, que apenas chegaríamos um pouco mais depressa. Mas algumas pessoas disseram: “Mais depressa no outro mundo.” Eu então comecei também a me impressionar porque eu não sei qual é o nome técnico da evolução que o aparelho fazia. Uma pessoa entendida em aeronáutica saberá descrever o caso, dizendo os nomes em que um avião roda de cabeça para baixo. E nós íamos e muita gente começou a vomitar e a gritar, apertar o cinto, aqueles amigos começaram a orar, senhoras começaram a fazer o terço, e eu com muito respeito. Mas quando vi aquela atmosfera, comecei a gritar também, eu pensei: Todo mundo está gritando, eu também vou gritar. É a hora da morte. Então comecei a gritar: “Valei-me, meu Deus.” Comecei a pedir socorro, misericórdia de Deus, mas com fé, com escândalo, mas com fé. Então nisso, peço até permissão para dizer, ouço alguém dizer assim a um sacerdote católico que estava não muito longe de mim: “O Chico Xavier está ali, ele é médium e espírita” e esse sacerdote com muita bondade disse: “Mas eu sei que o Chico tem pedido orações em muitos documentos e o Chico está orando conosco no terço.” Eu disse: “Graças a Deus padre, eu também estou orando.” Mas comecei a gritar: “Valei-me meu Deus.” Então aí entra o Espírito de Emmanuel. Parece que é uma coisa de anedota, uma coisa fantástica, mas é a verdade, ele entrou no avião.


2 Almir Guimarães — Mas você viu o Espírito entrar?

Chico Xavier — Então passou no meio do pessoal e o pessoal não via, como a maioria dos nossos amigos naturalmente não está vendo a presença dele aqui. Então ele me disse assim: “Por que você está gritando? Eu escutei o seu pedido: O que é que há?” Porque aquilo já tinha mais ou menos 20 minutos. Então eu falei: “O senhor não acha que estamos em perigo de vida?” Ele falou: “Estão. E o que é que há com isso? Tem muita gente em perigo de vida, vocês não são privilegiados, não é?” Então eu falei assim: “Está bem, se estamos em perigo de vida eu vou gritar.” E continuei gritando: “Valei-me, socorro meu Deus”, e o povo todo gritando socorro. Então ele me disse: “Você não acha melhor se calar, parar com isso? Dá testemunho da tua fé, da tua confiança na imortalidade.” Eu disse: “Mas é a morte, nós estamos apavorados diante da morte.” Ele disse: “Estão”. Eu disse: “Está bem, eu estou com muito medo e estou apavorado, como todo mundo eu estou partilhando, eu também sou uma pessoa humana, eu estou com medo também desta hora e de morrer neste desastre.” Ele disse: “Está bem, então morra com educação, cale a boca e morra com educação para não afligir a cabeça dos outros com os seus gritos. Morra com fé em Deus.” Eu disse então: “Eu quero só saber como é que a gente pode morrer com educação.”


Francisco C. Xavier

Emmanuel


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