O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Presença de Chico Xavier — Depoimentos diversos / Mensagens familiares


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Clóvis Tavares e Chico Xavier n

Quando de minha viagem a Uberaba em outubro de 1966, entre muitos júbilos espirituais hauridos em três dias de convívio com nosso querido Chico, um acontecimento veio a assumir caráter na verdade surpreendente.

Amigos Espirituais queridos, numa reunião íntima com alguns companheiros de São Paulo, na manhã de 15 de outubro, nos ofereceram, entre testemunhos de seu imenso amor, preciosas páginas psicografadas pelo médium Xavier.

Antes do término da reunião, ao enumerar-nos algumas Entidades amigas presentes, Chico me comunicou que uma delas, o Espírito de uma jovem senhora, declarou chamar-se Emília Neves. Acrescentou que desencarnara tuberculosa e em extrema miséria em Itaperuna, Estado do Rio, no dia 20 de agosto de 1938, havendo-se integrado, algum tempo depois, na família espiritual da Escola Jesus-Cristo, de Campos. Chico anotou, numa folha de papel, seu nome e a data de sua desencarnação, após o encerramento de nossas preces. E entregou-me o breve apontamento juntamente com as páginas mediúnicas que me eram destinadas.

À noite, após a peregrinação do Culto da Assistência, como de costume, há no templo da Comunhão Espírita Cristã uma reunião de estudos doutrinários. Foi nessa noite que o grande poeta Maciel Monteiro escreveu o belo soneto “Aspiração”, obra-prima de sentimento e de doutrina, que transcrevo no capítulo que se segue a este.

Terminado o serviço psicográfico, feita a prece final, nosso querido Chico me chamou, apresentando-me, como fizera pela manhã, uma folha com breve anotação. Entregando-me o papel, disse-me: “Clóvis, nossa irmã Emília Neves, de Itaperuna, que esteve conosco hoje pela manhã, novamente se encontra aqui e me disse, há momentos, que eu me enganara ao escrever, na folha que lhe entreguei, a data de sua desencarnação. Foi a 20 de março de 1938 e não a 20 de agosto, como escrevi, a data de sua libertação espiritual”. E passou-me às mãos a nova folha em que se lia apenas: “Clóvis 20-3-1938”. Guardei-a cuidadosamente e no dia seguinte, pela manhã, iniciava minha viagem de regresso a penates.

Como no caso já referido do Professor Cornélio Bastos, pediu-me o humilde Chico que verificasse a exatidão da nova notícia, em face da retificação referente ao mês, na segunda manifestação do Espírito de Emília.

Ao chegar a Campos, relatei o caso a alguns companheiros de nossa Escola Jesus Cristo. Dois deles se prontificaram a escrever a amigos de Itaperuna a fim de obter informações sobre a desencarnação de Emília Neves. Não se havendo obtido resposta, resolvemos, o confrade Rubens Carneiro e eu, dirigir-nos à vizinha cidade do Norte Fluminense. E assim o fizemos na manhã de 29 de dezembro do mesmo ano de 1966.

Fomos primeiramente ao Cemitério da cidade, onde nada encontramos com referência ao que buscávamos, por se haver extraviado, entre outros o obituário referente a 1938. O administrador da necrópole, entretanto, concordou conosco que no Cartório da cidade obteríamos a informação desejada. E indicou-nos o local onde encontraríamos o oficial do Registro Civil do Primeiro Distrito de Itaperuna, o Sr. Benedito Sozinho de Souza.

Chegados ao Cartório, dissemos — o Rubens e eu — a que vínhamos. Desejávamos saber se constava entre os registros de óbito de 1938 o nome de Emília Neves, falecida nesse ano naquela cidade. Pronta e gentilmente atendidos, feita a busca no livro referente aos falecimentos daquele ano, tivemos a satisfação de ouvir do tabelião de Itaperuna, Sr. Benedito de Souza, a resposta confirmativa das declarações espirituais de 15 de outubro. De fato, aberto o livro número 13, referente a 1938, aquele oficial do Registro Civil nos mostrou o registro de óbitos, folhas 236 do livro n.o 13 do registro de óbitos, como se lê no documento, “consta o registro de óbito de Emília da Costa Neves, falecida aos 20 de março de 1938, às 19 horas neste distrito”. E demais notificações: sexo feminino, cor branca, profissão — doméstica, com 29 anos de idade, casada, filha de Manuel Costa Neves, lavrador, natural de Portugal, e de Maria Costa Neves, doméstica, também portuguesa. Declara ainda a certidão que Emília Costa Neves era casada com o Sr. Manuel Josino de Lima, não legando bens em testamento e deixando três filhos menores — Glicério, Jurandir e Helena.

A certidão que nos foi entregue, assinada pelo Oficial, Sr. Benedito Sozinho de Souza, é datada de 29 de dezembro de 1966. Por um missionário protestante, de Itaperuna, Sr. Correia, que conheceu pessoalmente Emília e seus familiares, soubemos, nesse dia, que nossa amiga espiritual desencarnara em extrema penúria, vítima da tuberculose, confirmando as notícias dadas ao médium, dois meses antes. Como vê o leitor, é este mais um maravilhoso testemunho da mediunidade, realmente ímpar, de nosso querido Chico Xavier.


Elias Barbosa



[1] “Trinta Anos com Chico Xavier”, Edição Calvário, S. Paulo, 1967, págs. 166-168.


Texto extraído da 2ª edição desse livro.

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