Quanto mais estudamos a Doutrina Espírita, procurando na medida do possível tudo passar pelo crivo da razão, à maneira de Kardec, mais nos convencemos do caráter divino do Espiritismo em sua missão de Consolador, e passamos a compreender melhor porque homens da envergadura de um William Crookes, um Alfred Russel Wallace, um Lombroso e tantos outros cientistas eméritos se entregaram, sem qualquer receio, à publicação de obras documentárias de suas próprias experiências ante os fatos espiríticos.
Como não poderia deixar de ser, nos dias que correm, esses mesmos fatos espíritas se multiplicam, em toda parte, à espera de observadores sinceros que os divulguem para benefício de quantos ainda não tiveram o ensejo de sentir, em espírito e verdade, os princípios da Terceira Revelação.
UM DOS INÚMEROS FATOS
Algo digno de nota, sem dúvida, foi o que se deu na noite de 28 de junho de 1963, na Comunhão Espírita Cristã, em Uberaba, Minas Gerais, quando, ao final da costumeira reunião pública, o médium Francisco Cândido Xavier, após receber a admirável página de Emmanuel, psicografou curta mensagem, na folha de pedido de orientação que a Sra. Júlia Gomes de Oliveira solicitara, naquela noite.
Evidentemente, o médium Francisco Cândido Xavier, como também todos os demais companheiros da seara espírita uberabense e de outras terras, ali presentes, desconheciam o problema de D. Júlia, ao pedir a orientação espiritual.
A DESENCARNAÇÃO NA REPRESA
Com os olhos banhados de lágrimas, D. Júlia contou-nos, bem depois do impacto que a mensagem lhe causou, o que se deu, com efeito, meses antes. Wilson de Oliveira, seu filho e de Bento de Oliveira, nascido a 12 de outubro de 1946, era natural de Barretos, Estado de S. Paulo, onde fez um curso de mecânico-torneiro, até o 2º ano. Verificando a impossibilidade, em sua terra natal, de cursar a 3ª série, seus pais tencionaram mudar-se para Uberaba, com o que Wilson não concordou, julgando que “a sua felicidade estava em Jundiaí”, no Estado de S. Paulo, para onde se transferiram, realmente, pouco tempo depois. Pretendiam, mãe e filho, ir a Barretos, no dia 4 de maio de 1963. Não lhes sendo possível, porém, arranjar os necessários passes, resolveram dar rápido passeio à Fazenda Ipê, em Itatiba, Estado de S. Paulo, naquele dia, quando o rapaz, após ligeiro “mergulhão” em represa de pouca profundidade, de lá foi retirado em péssimas condições físicas, vindo a desencarnar, duas horas depois, sendo seu corpo sepultado, posteriormente, em Jundiaí. Sr. Bento e D. Júlia, não obstante espíritas há 23 anos, naturalmente precisavam, principalmente a distinta mãe de Wilson, pelo menos destas duas frases consoladoras: “Não pense que a minha partida pudesse ser evitada sem o nosso passeio. Tudo obedece às leis de Deus.”
IDÊNTICAS AS ASSINATURAS
A fim de que possamos comprovar a veracidade do fato que ora expomos, não somente pelo que ele tem de confortador — provando uma vez mais que a morte não cessa no túmulo, — com vistas à documentação, necessária sempre, solicitamos ao leitor observar (Cf. Anuário Espírita 1964, págs. 113-114) a semelhança da assinatura de Wilson quando entre os encarnados e a de Wilson após a desencarnação, através da psicografia, perante centenas de pessoas.
Tais fatos, com efeito, falam por si mesmos, e se prestam à confirmação de que o Espiritismo é, sem dúvida, o Consolador Prometido por Jesus, o Divino Mestre.
A MENSAGEM CONSOLADORA
1 Querida mamãe,
Peço à senhora para me abençoar.
2 Venho com o tio José rogar ao seu coração paciência e calma.
3 Lembre-se, mamãe, do papai, dos meninos, de nós todos.
4 Precisamos da sua coragem e da sua fé em Deus.
5 Não pense que a minha partida pudesse ser evitada sem o nosso passeio. Tudo obedeceu às leis de Deus.
6 Estou mais forte, mas precisando de seu auxílio — o auxílio de sua conformação.
7 Mamãe, ampare as crianças sofredoras, trabalhe para o bem.
8 Não mudem por minha causa. Jesus está em toda parte.
9 Para a senhora, papai e os irmãos queridos, todo o carinho de seu filho
Wilson de Oliveira
Elias Barbosa
[1] Publicado inicialmente em Anuário Espírita 1964, págs. 112-115, trasladamos o presente capítulo para cá, com ligeiras modificações no texto.