1 Minha querida mamãe, meu pai, estou melhorando.
2 Rogo me auxiliem. Abençoem-me e não se esqueçam de que continuo na posição de um filho necessitado.
3 O corpo ficou nas águas, naquela mesma paisagem onde pretendia descansar dos estudos em Mongaguá, mas estou vivo — vivo como sempre — e como sempre dependendo de casa para ficar tranquilo.
4 Estou muito cansado ainda, minha querida mãezinha! É uma fadiga que não sei explicar, entretanto, posso dizer que não vem daquilo que chamamos “morte”. É o reflexo da vida mesmo.
5 Vejo seu rosto sem parar, todo banhado de lágrimas sobre o meu e sua voz me alcança de maneira tão clara que pareço carregar ouvidos no coração!
6 Ah! Mamãe! eu não tenho direito de pedir ao seu carinho mais do que sempre recebi, mas se seu filho pode pedir mais alguma cousa à sua dedicação, não chore mais.
Estamos tão ligados, como se eu estivesse em seu colo, precisando de movimento livre para viver.
7 Suas palavras da alma chegam sobre mim e vejo que a sua ternura está sob rude aflição, atormentada, querendo morrer para me encontrar. Não faça isso, mãezinha!
A Vida é um dom de Deus.
8 E meu pai? E os outros filhos? Umberto, Mauro, Patrícia estão ao seu lado, esperando a sua proteção e o seu carinho.
Não duvide da Bondade de Deus! Ore com a sua confiança de sempre.
9 Aconteceu comigo o melhor que eu podia ganhar da Providência!
Então, mamãe, depois de tanta confiança em Jesus, seu coração vai perder tudo, desistir, desanimar, desertar? E Jesus?
10 Aqui está comigo o vovô Manoel que lhe pede orações e recorda que hoje todos os cristãos estão lembrando Jesus ressuscitando para a Vida Eterna…
Não podemos esquecer estas verdades que nos garantem a confiança no reencontro.
11 Não estou desamparado e nem nossa casa. Deus está conosco.
12 Não imaginem que eu poderia ter evitado o que sucedeu. Não foi descuido, foi o coração que falhou… 13 Quando me aproximei da água, senti que minhas forças esmoreciam… 14 Depois caí como num sono… Onde estive ainda não sei. É muito pouco o tempo de minha renovação… 15 Sei apenas que acordei num quarto muito limpo de hospital e com os enfermeiros alguém cuidava de mim, como se fosse a senhora mesmo…
16 Tanto carinho naquelas mãos que me acariciavam de leve, tanto amor naquelas palavras que me pediam dormir…
17 A princípio pensei que nós dois estávamos juntos numa casa de saúde, depois do desmaio que eu havia sofrido, mas, muito a pouco e pouco percebi que era outra pessoa aquela figura carinhosa de mãe que me amparava…
18 Quando comecei a escutar sua voz a me chamar com tanta angústia e a ver o seu semblante sobre o meu encharcando o meu rosto de lágrimas, indaguei sobre o que me acontecera e só então vim a saber que aquela outra mãe era a vovó Abadia, de quem tantas vezes ouvi falar em casa.
19 Compreendi, por fim, toda a verdade!
E se venho aqui com tanto auxílio é para suplicar ao seu coração, mãezinha, viver e viver, ajudando-me a reviver!
20 Não creia que perdi o meu curso ginasial! Vou estudar aqui também e vou ajudá-la com o auxílio de Deus!
21 Não fique triste! Lembre os meninos e o trabalho bendito que Jesus nos deu a fazer.
22 Meu pai precisa de sua coragem, como ocorre comigo.
Rogo ao seu carinho conformar-se e confiar.
23 Tudo passa e, um dia, nos reencontraremos.
Creia, porém, mãezinha, que ainda estou dependente de sua força. 24 Ampare seu filho e não deseje morrer. A vida continua.
Esperemos trabalhando para cumprir as nossas obrigações, a fim de merecer a felicidade.
25 Mãezinha querida, meu querido papai, não posso ser mais extenso. Confiemos em Jesus e creiam — mas creiam com todo o coração — que não morri.
26 Os amigos que me ajudam recomendam-me o ponto final.
Obedeço, entregando-lhes todo o carinho e todo o reconhecimento do filho que lhes beija as mãos e não poderá esquecê-los jamais.
27 Muito reconhecido o vosso
Alberto
Elias Barbosa
[1] Na noite de 28-3-1970, ao final da reunião pública da Comunhão Espírita Cristã, o médium Chico Xavier psicografou esta mensagem perante o pai do jovem comunicante — Alberto Teixeira Duarte, que nasceu em Rio Verde, Estado de Goiás, a 19-9-1950, e desencarnou em Mongaguá, Estado de São Paulo, em 18-12-1969, — Sr. Juvenil Nogueira Duarte, industrial de São Paulo, e D. Célia Teixeira Duarte, além dos irmãos citados na página mediúnica. A família visitava pela primeira vez a mencionada instituição espírita de Uberaba. Alberto era funcionário do Banco Brasileiro de Descontos S.A., agência de Vila Maria, São Paulo, e iria concluir o curso ginasial no Colégio 9 de Julho, em dezembro de 1969, quando desencarnou em pleno banho de mar, na Praia Grande.