1 Desde Duque de Caxias, n
Dona Ofélia estava em pranto,
No ônibus de carreira
Repleto por todo canto.
2 Junto dela, estava o esposo,
O Professor Irineu.
Um amigo que se aproxima,
Após saudá-los, pergunta:
— “O que foi que aconteceu?
Dona Ofélia assim chorando?”
O professor aclarou:
— “Ela chora com razão,
O nosso Prata morreu…”
3 — “Qual foi a causa da morte?”
Disse o amigo tristemente,
E o professor respondeu:
— “Ele morreu de repente.”
4 O outro era o amigo Pedro
Que consolou a senhora:
— “Não chore assim, Dona Ofélia,
Todos nós temos um tempo
De partir, em nossa hora…”
5 Dona Ofélia, confortada,
Chorou mais. Fez um salseiro,
Esclarecendo que o morto
Fora um nobre companheiro.
6 Pedro afastou-se, buscando
Um colega do caminho,
E contou-lhe: “Eis que perdemos
Um excelente vizinho…”
7 O amigo quis a notícia
Mais fiel e mais exata.
Dona Ofélia era sobrinha
Do bilionário João Prata.
8 Logo após, foi a notícia
— Manchete esquisita e louca
Guardada por muita gente,
Entregue, de boca em boca.
9 Quando Irineu e senhora
Desceram do coletivo,
Pedro estava junto deles,
Caminhando de olho vivo.
10 No elegante palacete,
Foram os três recebidos,
Por Dona Marina Prata
Em lágrimas e gemidos.
11 Então é que Pedro soube
Que o morto de nome “Prata”
Era a joia da família,
Um cãozinho “vira-lata”.
Jair Presente
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