1 Meu caro Neca da Silva
Depois de suas andanças,
Em pocilgas e currais,
Eis que você me pergunta
Se vale a pena comer
A carne dos animais.
2 Você faz notas, a jorro,
Nos comentários do assunto,
Diz que viu gente vendendo
Carne de gato e cachorro.
3 Demonstrando grande susto,
Indaga você com asco
Se esse hábito é justo
Mesmo em festas com churrasco.
4 Você sabe: enquanto a gente
Está no mundo, afinal,
Quase ninguém, dá valor
À existência do animal.
5 Comemos, com desrespeito,
Cobras, macacos, cabritos,
Carneiros em profusão,
Que morrem chorando aflitos;
6 Trinchamos bois às manadas
E pobres vacas doentes
Que tombam desesperadas.
7 Devoramos caititus,
Jacarés, ratos do campo,
Tamanduás e tatus.
8 O amigo Juca Mendonça,
Em sua casa no sítio,
Adora carne de onça.
9 De rãs e leitões gorduchos,
É sempre grande a procura,
E há quem estime a farofa
Com bumbuns de tanajura.
10 Dessa prática em geral,
De agressão a tantas vidas,
Vão surgindo em toda parte
Moléstias desconhecidas.
11 A solução do problema
Para nós está no escuro;
Esperemos vida nova
Que apareça no futuro.
12 Quanto ao mais é paciência…
Depois proteja os animais,
Calma é remédio bem-vindo.
O homem faz a matança
E as doenças vão seguindo…
Jair Presente
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