1 Qual se te visses em meio de grande multidão, da qual participas, observas os que passam, renteando contigo na caminhada.
2 Natural que te enterneças, ante os que se apresentam infortunados e enfermos.
3 Os tristes e os fracos, os cansados e os esquecidos te arrancam melodias de ternura às cordas do coração.
4 Entretanto, não silencies essa música da alma à frente daqueles outros que te pareçam felizes.
5 Não raro, indagas a ti mesmo porque passam tantos deles, como se não enxergassem o sofrimento dos semelhantes, qual se andassem sob a hipnose do luxo e do prazer.
6 Não te precipites, porém, no espinheiral da censura. Abençoa e serve a todos, tanto quanto puderes.
7 Bastas vezes, o homem que se te adianta em caminho, na posição de comandante da fortuna, traz um cérebro esfogueado por aflições que não conseguirias suportar; 8 outro, que se te afigura perdulário, quase sempre é doente buscando a fuga de si próprio; 9 outro ainda que avança, recolhendo condecorações e medalhas pelos recursos que conseguiu entesourar, frequentemente, é um mendigo de amor, relegado à solidão; 10 a mulher que enxergaste ricamente trajada costuma ocultar no peito enorme vaso de lágrimas que não conseguem cair; 11 e aquela outra que se te revela por expoente de beleza e poder, muitas vezes, transporta uma cruz de fel por dentro do coração.
12 Não critiques e nem apedrejes criatura alguma.
Na Terra e fora da Terra, integramos a imensa caravana que se desloca incessantemente para diante.
13 Não reproves ninguém.
Todos somos viajores nas estradas da vida, necessitando do auxílio uns dos outros e todos estamos seguindo com sede de compreensão e fome de Deus.
Meimei
(Anuário Espírita 1999)