O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Porto de alegria — Familiares diversos


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Do Além, Clovis Tavares analisa sua obra “Mediunidade dos Santos”

Quando o Prof. Clovis Tavares deixou seu vaso físico, que o serviu por 69 anos, em Campos, RJ, a 13 de abril de 1984, estava encerrando um ciclo de atividades das mais meritórias, em diversas áreas das lides doutrinárias, especialmente como renomado escritor.

Agora, para nossa alegria, esse estimado confrade redigiu sua Terceira Mensagem aos familiares queridos, em reunião pública do GEP, em Uberaba, na noite de 28 de maio de 1988.

As duas Mensagens anteriores, igualmente portadoras de conceituações valiosas e oportunas para todos nós, enriqueceram as obras Caravana de Amor (cap. 12) e Vozes da Outra Margem (cap. 18), ambas psicografadas por Chico Xavier, edições IDE.

Em sua nova missiva, Clovis redigiu preciosos lembretes aos dirigentes da Escola Jesus Cristo, Instituição Espírita de Cultura e Caridade que ele fundou na cidade de Campos, igualmente úteis para todos os que labutam na seara de Jesus e Kardec. E não se esqueceu de alinhar apontamentos interessantes a respeito da importante obra Mediunidade dos Santos - Google Books, que deixou incompleta, mas concluída pelos familiares e lançada pelo IDE, duas semanas antes do recebimento desta Terceira Mensagem:




MENSAGEM


1 Querida Hildinha, n que você, Gilda e Celsinho, n estejam, com todos os nossos companheiros aqui reunidos, usufruindo a paz do Senhor.

2 Não me seria possível o silêncio, diante de vocês, que me trazem a alegria e as tarefas de nossa Escola. Quanto possível, estou ali naquele refúgio de paz e amor, rearticulando lembranças ou de espírito dedicado à oração, rogando a Jesus nos mantenha íntegros na execução do esquema traçado. Estou satisfeito ao vê-la com o Celsinho, assessorando o nosso amigo Rubens, n no serviço da palavra aos nossos irmãos de esperança e realização.

3 Já faz tempo que fui desligado de nossas tarefas, em Campos, para abraçar outras similares no Plano Espiritual. Falar a você de saudades seria repetir que prossigo nesse caminho que é tão nosso. 4 Não pude, entretanto, efetuar qualquer intervalo, em minhas obrigações, nem mesmo para descansar ou chorar. Compreendi o que solicitavam os Mentores da Causa e da Casa. Descansar seria impróprio do trabalhador que me habituara a ser, conquanto as minhas deficiências, e chorar seria incompreensão dos benefícios que temos recebido.

5 Abracei o arado que me apresentavam e com o nosso Virgílio de Paula n e outros amigos, continuei em ação aprendendo sempre, a fim de burilar-me e assinalar as bênçãos de que temos sido os felizes usufrutuários.

6 Agradeço o esforço que você e o nosso Celso despendem, a fim de manter o nosso plano de reconstituir as interpretações fiéis do Evangelho, tanto quanto se nos faça possível, à maneira dos operários conscientes que buscam, no dia a dia, estar quitados com os deveres assumidos.

7 Não preciso minudenciar as necessidades da vida comum, em nossos dias terrestres. As faixas do desequilíbrio se superpõem. Sabem que o mundo é uma grande nave de Deus, cujo Timoneiro é o Cristo, Nosso Senhor. Acontece, porém, que as investigações do cérebro atingiram tais complicações que o coração sofre, desvalido de recursos que lhe garantam a estabilidade.

8 A inteligência na Terra de hoje sabe muito, no entanto, realiza muito pouco no campo do sentimento. Promover o retorno à simplicidade é um empreendimento quase que exclusivamente para gigantes.

9 Estamos certos, porém, de que somos pigmeus à frente de tanta grandeza, mas somos pigmeus de Jesus, somando iniciativas que Ele, o Divino Mestre, abençoa para a nossa felicidade.

10 Não me será possível olvidar a Natureza que foi para Ele um livro de ensinos nutrientes e libertadores. Os lírios do campo, o amor às crianças, uma dracma perdida, a candeia sob o velador, os grãos de trigo e tantas imagens outras [v. Parábolas] com as quais nos induziu a viver com a bênção da realidade, acima das ilusões, são símbolos que a riqueza terrestre de agora não pode distanciar-nos, a fim de nos centralizar nos farrapos dourados de uma civilização, ameaçada de extermínio, pela insânia dela própria.

11 Penso que a coerência deve presidir as nossas instituições doutrinárias e, então, disporíamos dos recursos positivos para conjurar os perigos que pesam sobre os destinos humanos. Refiro-me a isso unicamente para preservar em vocês e em nossos companheiros da Escola, a certeza de que sem Cristo toda a pompa dos domínios humanos da atualidade se destinam ao pó.

12 Não posso, entretanto, alongar-me nestas considerações pessoais, de vez que aspiro manifestar a você e ao Flavinho, à Margaridinha, ao Luisinho n e ao Celsinho, quanto fizeram para que o nosso livro, relativo à vida autêntica dos santos do Cristianismo, viesse a lume. Muito grato pela cooperação com que me asseguraram a paz. O livro ficou sendo realmente nosso, porque vocês participaram decisivamente.

13 Desencarnado, presentemente, nada tenho a acrescentar aos textos que vocês encontraram no volume. Os acontecimentos narrados coincidem com os apontamentos de nossos arquivos daqui e me rejubilo por isso.

14 Ainda não tenho méritos para seguir além do que pude coligir na constituição da obra que, na essência e na supervisão, pertence ao apoio indireto de nossos Maiores.

15 De tudo que ficou exposto, até agora, somente consegui visitar a maravilhosa estância de Dom Bosco,  †  que ainda é o gênio apostólico, dedicado à educação. n

16 Apesar disso, tenho encontrado muito auxílio dos nossos queridos biografados, que me conferem forças contra qualquer desfalecimento. Em outra oportunidade falaremos disso.

17 Desejo seja dita a nossa promessa à Margaridinha no sentido de cooperar com ela e a nova criança que vem buscar nos seus braços de amor a mãe que lhe falta. Confiemos no socorro do Senhor e sigamos para diante.

18 Peço a você para que a nossa Margaridinha esteja consciente de nossa presença junto dela.

19 Todos os nossos companheiros trabalhadores da Escola, junto de nós, se conscientizem quanto ao nosso amor a todos e de mim hoje agradeço muito aos que me auxiliaram de coração.

20 Querida Hildinha, eis o que me ensina a nossa legião de serviço — servir sempre.

21 A novidade do que lhe falo, querida Hildinha, é que tenho modificado bastante o meu temperamento e digo-lhe algo dessa renovação para confirmar-lhe que a nossa convivência não foi vã.

22 Tudo se modifica para melhor, quando nos voltamos para Jesus, e, embora as imperfeições de ontem estejam ainda em mim e que hoje são as mesmas, reconheço-me algo modificado para trabalhar mais na Seara do Bem, com os nossos Maiores.

23 Reúno você, com os nossos filhos, no campo de nossos agradecimentos que estendo à Gilda, que se dispôs ao sacrifício da viagem no intuito de ajudar-nos, e guarde em seu coração devotado o coração sempre seu do seu


Clovis n


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


1 — Hildinha — Profa. Hilda Mussa Tavares, esposa, cooperadora na Escola Jesus-Cristo (EJC), residente em Campos, RJ, à Rua Benta Pereira, 112. Seu valioso depoimento sobre a mediunidade de Chico Xavier integra o livro Luz Bendita (Testemunhos Diversos, Emmanuel, F. C. Xavier, R. S. Germinhasi, IDEAL, p. 65-72).


2 — Gilda e Celsinho — Sra. Gilda Duncan Tavares e Prof. Celso Vicente Tavares, filho, cooperadores da EJC, presentes à reunião pública de Uberaba.


3 — Rubens — Dr. Rubens Fernandes Carneiro, Diretor Doutrinário da EJC.


4 — Virgílio de Paula — Foi o primeiro Presidente da EJC, desencarnado em 07/02/1960. Hoje dá nome ao Coral da Mocidade dessa Escola.


5 — Flavinho, Margaridinha, Luisinho — Dr. Flávio Mussa Tavares, médico, Margarida Maria Tavares Gomes, arquiteta e Dr. Luís Alberto Tavares, médico, todos cooperadores da EJC.


6 — Somente consegui visitar a maravilhosa estância de Dom Bosco, que ainda é o gênio apostólico dedicado à educação. — Em Mediunidade dos Santos, são descritas as seguintes mediunidades de Dom João Bosco (1815-1888), célebre sacerdote e educador italiano: clarividência, clariaudiência, premonitória, onírica, curativa e de efeitos físicos.


7 — Clovis — Sebastião Clovis Tavares, nascido em São Sebastião, distrito de Campos, RJ, a 20/01/1915. Profissionalmente, embora diplomado em Direito, pela Faculdade Nacional, em toda sua vida dedicou-se somente ao magistério, lecionando História e Direito Internacional Público. Autor dos livros: Sementeira Cristã (3 volumes), FEB; Vida de João Batista, Ed. do G. E. João Batista, de Campos; Os Dez Mandamentos, LAKE; Histórias que Jesus contou, LAKE; Vida de Allan Kardec para as Crianças, LAKE; Meu Livrinho de Orações, LAKE; Trinta Anos com Chico Xavier, IDE; Amor e Sabedoria de Emmanuel, IDE; Tempo e Amor (em co-autoria com Francisco Cândido Xavier e Espíritos Diversos), IDE; De Jesus para os que Sofrem, IDE; e Mediunidade dos Santos, IDE.


Hércio Arantes


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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