1 A Terra é o vasto abismo onde a alma chora,
O vale de amarguras do Salmista,
Lodoso chavascal onde se avista
A podridão dos vermes que apavora.
2 Mas, para os grandes bens, para que exista
A perfeição da luz deslumbradora,
Precisamos da carne que aprimora
Com o camartelo mágico do artista.
3 Terra tranquilamente eu te abençoo…
Porque da tua dor alcei meu voo
Para a mansão das luzes opulentas;
4 Teu rigor nos redime e nos eleva;
Mas és ainda o cárcere da treva,
Triste mundo de chagas pustulentas!
Antonio Nobre
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