1 Cintilantes de luz, como rosas nevadas,
São quais bagas sutis, são quais flores aladas.
2 Gotas alvas de luar, liquefeitos diamantes,
Áureos raios de sol em cristais rutilantes;
3 Tons azuis de arrebol, amálgama de cores,
Apolíneos clarões matizados de flores.
4 São quis réstias de anil de que o céu se decora,
Ou fulgentes rubis, como pranto da aurora…
5 Ígneas lágrimas de sol, que os artistas egrégios,
Inspirados pincéis de outros tantos Correggios, †
6 Não traduzem jamais. Nessa gotas de alvura.
De pureza ideal, de pureza e brancura.
7 Vejo no alvo palor toda a cor reunida,
Como filhas da dor nas estradas da vida!
8 É que a lágrima é sempre essa joia encantada,
Sublimada de alvor e de luz matizada;
9 Delicada e sutil, com a pureza da neve,
Fragmento lirial, suavíssimo e leve;
10 Seja filha do amor, da amargura ou tristeza,
Tem o mesmo esplendor invulgar de beleza!…
11 Lágrima! pela vida, és qual flor entre abrolhos,
Alvo lírio da dor, refulgindo nos olhos!
Francisco Xavier
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