1 Senhor! quando eu abri o livro do passado
E busquei soletrar as páginas já lidas,
Quanto gosto de fel, quantas dores sofridas,
Quanta lágrima atroz, do meu sonho orfanado!
2 O primeiro capítulo era um lustre apagado
Que narrava com ardor, em palavras sentidas
Minha infância feliz, minhas horas floridas,
Meu viver todo em flor, nunca mais olvidado!
3 E depois era o Abril, era a luz — Mocidade,
Que cantava de um sonho a viril majestade,
Era a estrofe do sol que cantou o Coração!
4 Mas depois… mas depois era a sombra fugida,
Era a morte do sonho, era a morte da Vida,
A tristeza sem par do esvair da Ilusão!
Francisco Xavier
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