Cap. IX — Item 1.
1 Cada vez que a irritação te assoma aos escaninhos da mente, segues renteando sinal de perigo.
2 Mesmo que tudo pareça conspirar em teu prejuízo, não convertas a emoção em bomba de cólera a explodir-te na boca.
3 Desequilíbrio que anotes é apelo da vida a que lhe prestes cooperação.
4 Quando as águas, em monte, investem furiosas sobre a faixa de solo que te serve de habitação, levantas o dique, capaz de governar-lhe os impulsos.
5 Diante do fogo que te ameaça, recorres, de pronto, aos extintores de incêndio.
6 Toda vez que o curto-circuito reponta na rede elétrica, desligas a tomada de força para que a energia descontrolada não opere a destruição.
7 Assim também, quando a prova te visite, não transfigures a língua em chicote dos semelhantes.
8 Se agressões verbais te espancam os ouvidos, ergue a muralha do dever fielmente executado, em que te defendas contra o assalto da injúria.
9 Se a calúnia te alanceia, guarda-te em paz, no refúgio da prece.
10 Se a dignidade ofendida, dentro de ti, surge transformada em aceso estopim para a deflagração da revolta, deixa que o silêncio te emudeça, até que a nuvem da crise te abandone a visão.
11 Sobretudo à frente de qualquer companheiro encolerizado, não lhe agraves a distonia. Ninguém cura um louco, zurzindo-lhe o crânio.
12 Se alguém te lança em rosto o golpe da intemperança de espírito ou se te arroja a pedrada do insulto, desculpa irrestritamente, e, se volta a ferir-te, é indispensável te reconheças na presença de um enfermo em estado grave, a pedir-te o amparo do entendimento e o socorro da compaixão.
Emmanuel