1 Urgia, desse modo, não apenas para o ajuste de humanas cogitações, a criação de uma língua auxiliar que interligasse os territórios do espírito. Um sistema de comunhão que exonerasse os lidadores do avanço intelectual de maiores entraves para o acesso aos tipos mais altos de cultura…
2 Ansiavam milhões de almas pela libertação das algemas linguísticas que lhes mumificavam as expressões.
3 Espíritos habilitados a voos amplos, nos céus da ciência e da arte, da instrução e da indústria, restringiam-se aos preceitos e ritos mentais dos tratos de gleba em que agiam ou renasciam, sufocados no círculo angusto de parco vocabulário, quais pássaros de majestoso poder, aprisionados na férrea gaiola da insipiência.
4 Grandes comunidades imperiais, quais a Rússia e a Grã-bretanha, mostravam-se divididas por línguas várias e múltiplos dialetos, afigurando-se como corpos gigantescos em que o sangue mental circulasse deficiente.
5 E além da paisagem propriamente terrestre, as criaturas libertas do carro físico, se excepcionalmente evoluídas, no intervalo das reencarnações necessárias, via de regra não conseguiam transcender a fronteira de realizações dos grupos raciais a que se viam jungidas.
6 Inteligências dos conjuntos asiáticos, africanos, ameríndios, latinos, eslavos, saxônios, e de outros agrupamentos permutavam aquisições, imolando cabedais insubstituíveis de tempo.
7 Verificando as imensas dificuldades para o intercâmbio de tribos e povos desencarnados, especialistas espirituais de fonética, etimologia e onomatopeia empreenderam a formação de um idioma internacional para entendimento rápido nas regiões espaciais vizinhas do Globo, multiplicando, em vão, tentames e experiências, até que um dos grandes missionários da Luz, consagrado à concórdia, tomou a si o exame e a solução do problema.
Francisco Valdomiro Lorenz