A Carta a Filêmon destaca-se não só por ser a epístola mais curta atribuída a Paulo, n como também pelo seu conteúdo. A maior parte do texto trata de um problema muito específico, que é o retorno de Onésimo, muito provavelmente um escravo ou servo, que teria fugido do seu senhor Filêmon.
Apesar de ser referida como Carta a Filêmon, ela é endereçada a uma comunidade que existia na casa dele, da qual Paulo cita nominalmente alguns membros. A antiguidade não contesta essa carta. Marcião a reconhece e ela está incluída no cânone de Muratori. Tertuliano, Orígenes e Jerônimo também reconhecem esse escrito.
Filêmon e Onésimo
Pelo teor da carta, sabemos que Filêmon era conhecido de Paulo, e, se considerarmos que os nomes de Onésimo e Arquipo referem-se às mesmas pessoas que aparecem na carta aos Colossenses, 4.9 e 4.17, podemos considerar que Filêmom possivelmente vivia em Colosso.
Local e data
Paulo afirma que está preso, mas que tem a expectativa de ser liberto, o que sugere que se trata da primeira prisão em Roma.
Em relação à data, os estudiosos indicam um período em torno do ano 62.
Perspectiva espírita
Emmanuel faz uma breve, mas importante, referência a esse texto em Paulo e Estêvão. No período em que Paulo está em prisão domiciliar em Roma, antes de sua viagem para a Espanha, ele ia até a prisão receber sua cota de alimento, e nesses momentos aproveita para falar aos prisioneiros que permaneciam encarcerados. A seguir, o trecho de Paulo e Estêvão: “A palavra de Paulo de Tarso atuava como bálsamo de santas consolações. Os prisioneiros ganhavam novas esperanças e muitos se converteram ao Evangelho, como Onésimo, o escravo regenerado, que passou à história do Cristianismo na carinhosa epístola a Filêmon”.
A pequena Carta a Filêmon é um grande testemunho da atuação cristã, que não se esquiva do auxílio aos que se transviaram da lei humana, sem, contudo, fugir aos compromissos estabelecidos com a ordem e o respeito às autoridades. A forma carinhosa com que Paulo escreve a Filêmon mostra que, nas lides cristãs, ninguém está tão acima que não deva se ocupar com os problemas dos indivíduos que cruzam o seu caminho, já que em uma sociedade verdadeiramente cristã, o problema de um é de responsabilidade de todos.
Saulo Cesar Ribeiro da Silva
[1] As Cartas 1 e 2 de João são ainda menores e a de Judas possui o mesmo tamanho. (Nota do organizador)