1 Chegou a Derbe e a Listra. Eis que havia ali um discípulo, de nome Timóteo, filho de uma mulher judia crente, mas de pai grego, 2 o qual era [bem] testemunhado pelos irmãos de Listra e de Icônio. 3 Paulo quis que este partisse com ele e, tomando, circuncidou-o, por causa dos judeus que estavam naqueles lugares, pois todos sabiam que o pai dele era grego. 4 Ao atravessarem as cidades, entregavam-lhes as prescrições aprovadas pelos apóstolos e anciãos de Jerusalém, para que as guardassem. 5 Assim, as Igrejas eram fortalecidas na fé e excediam em número a cada dia. — (Atos 16:1-5)
4 […] Cheios dessa confiança ativa, chegaram a Derbe, † onde o ex-rabino abraçou comovidamente os amigos que ali chegara a fazer, após a dolorosa convalescença, quando da primeira excursão.
5 O Evangelho continuava a estender seu raio de ação em todos os setores. Profundamente sensibilizado, o convertido de Damasco, no desdobramento natural do serviço, começou a obter notícias da ação de Timóteo. O jovem filho de Eunice, pelo que lhe informavam, soubera enriquecer, de maneira prodigiosa, os conhecimentos adquiridos. A pequena cristandade de Derbe já lhe devia grandes benefícios. Por mais de uma vez, o novo discípulo ali acorrera em missões ativas. Disseminava curas e consolações. Seu nome era abençoado de todos. Cheio de júbilo, após o término de suas tarefas naquela cidade pequenina, o ex-rabino demandou Listra, † com ansiedade carinhosa.
6 Lóide o recebeu, bem como a Silas, com a mesma satisfação da primeira vez. Todos queriam notícias de Barnabé, que Paulo não deixava de fornecer, solícito e prazenteiro. Na tarde desse dia, o convertido de Damasco abraçou Timóteo com imensa alegria a transbordar-lhe da alma. O rapaz chegava da faina diária junto dos rebanhos. Em breves minutos, Paulo conhecia a extensão dos seus progressos e conquistas espirituais. A comunidade de Listra estava rica de graças. O moço cristão conseguira a renovação de muita gente: dois judeus dos mais influentes na administração pública, destacados entre os que promoveram a lapidação do Apóstolo, eram agora seguidores fiéis da doutrina do Cristo. Cuidava-se da construção de uma igreja, onde os doentes fossem amparados e as crianças abandonadas encontrassem um ninho acolhedor. Paulo regozijou-se.
7 Naquela mesma noite, houve em Listra grande assembleia. O Apóstolo dos gentios encontrou uma atmosfera carinhosa, que lhe prodigalizava grande conforto. Expôs o objetivo de sua viagem, revelando suas preocupações pela difusão do Evangelho e acrescentando o assunto pertinente à igreja de Jerusalém. Como em Derbe, todos os companheiros contribuíram com o possível. Paulo não cabia em si de contentamento, observando o triunfo tangível do esforço de Timóteo nas camadas populares.
8 Aproveitando sua passagem por Listra, a bondosa Lóide confidenciou-lhe suas necessidades particulares. Ela e Eunice tinham parentes na Grécia, por parte do pai de seu neto, os quais lhes reclamavam a presença pessoal, a fim de que não lhes faltassem com os socorros afetuosos. Os recursos que lhes restavam, em Listra, estavam prestes a esgotar-se. Por outro lado, desejava que Timóteo se consagrasse ao serviço de Jesus, iluminando o coração e a inteligência. A generosa velhinha e a filha projetavam, então, a mudança definitiva e consultavam o Apóstolo sobre a possibilidade de aceitar a companhia do rapaz, pelo menos durante algum tempo, não só para que ele adquirisse novos valores no terreno da prática, como também porque isso facilitaria a transferência de todos para lugar tão distante.
Paulo acedeu de bom grado. Aceitaria a cooperação de Timóteo com sincero prazer. O rapaz, a seu turno, conhecendo a decisão, não sabia como traduzir seu profundo reconhecimento, com transportes de alegria.
9 Nas vésperas da partida, Silas entrou prudentemente no assunto e perguntou ao Apóstolo se não era de bom alvitre operar a circuncisão do moço, a fim de que o judaísmo não perturbasse os labores apostólicos. Em socorro de sua arguição, invocava os obstáculos e lutas acerbas de Jerusalém. Paulo meditou bastante, recordou a necessidade de espalhar o Evangelho sem escândalo para ninguém, e concordou com a medida aventada. Timóteo teria de pregar publicamente. Conviveria com os gentios, mas, maiormente, com os israelitas, senhores das sinagogas e de outros centros, onde a religião era ministrada ao povo. Era justo refletir na providência para que o moço não fosse incomodado em sua companhia.
O filho de Eunice obedeceu sem hesitação. Daí a dias despedindo-se dos irmãos e das generosas mulheres que ficavam a chorar nos votos de paz em Deus, os missionários demandaram Icônio † cheios de coragem indômita e do firme propósito de servir a Jesus.
10 No espírito amoroso de pregação e fraternidade, dilatando o poder do Evangelho redentor sobre as almas e jamais esquecendo o auxílio à igreja de Jerusalém, † os discípulos visitaram todas as pequeninas aldeias da Galácia, † demorando-se algum tempo em Antioquia de Pisídia, † onde trabalharam, de algum modo, para se manterem a si mesmos.
Paulo estava satisfeitíssimo. Seus esforços, em companhia de Barnabé, não haviam sido improfícuos. Nos lugares mais remotos, quando menos esperava, eis que surgiam notícias das igrejas anteriormente fundadas. Eram benefícios a necessitados, melhoras ou curas de enfermos, consolações aos que se encontravam em extremo desespero. O Apóstolo experimentava o contentamento do semeador que defronta as primeiras flores, como radiosas promessas do campo.
Emmanuel
(Paulo e Estêvão, FEB Editora. Segunda parte. Capítulo 6, pp. 356 a 358. Indicadores 4 a 10)