1 Havia na Igreja de Antioquia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, que fora criado com Herodes, o Tetrarca, e Saulo. 2 Enquanto eles serviam ao Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: Separai para mim a Barnabé e Saulo, para a obra que os tenho chamado. 3 Então, após jejuarem, orarem e imporem as mãos sobre eles, [os] soltaram. — (Atos 13:1-3)
37 […] Na primeira reunião, depois de relatar as observações pessoais concernentes à igreja de Jerusalém, Barnabé expôs o plano à assembleia, que o ouviu atentamente. Alguns anciães falaram da lacuna que se abriria na igreja, expuseram o desejo de que se não quebrasse o conjunto harmonioso e fraternal. No entanto, o orador voltou a explicar as necessidades novas do Evangelho. Pintou os quadros de Jerusalém com a fidelidade possível, fez a súmula de suas conversações com Saulo de Tarso e salientou a conveniência de chamar novos trabalhadores ao serviço do Mestre.
Quando tratou o problema com toda a gravidade que lhe era devida, os chefes da comunidade mudaram de atitude. Estabeleceu-se o acordo geral. De fato, a situação explanada por Barnabé era muito séria. Seus pareceres veementes eram mais que justos. Se perseverasse o marasmo nas igrejas, o Cristianismo estava destinado a perecer. Ali mesmo, o discípulo de Simão recebeu a aquiescência irrestrita e, no instante das preces, a voz do Espírito Santo se fez ouvir no ambiente de simplicidade pura, inculcando fossem Barnabé e Saulo destacados para a evangelização dos gentios.
38 Aquela recomendação superior, aquela voz que provinha dos arcanos celestes, ecoou no coração do ex-rabino como um cântico de vitória espiritual. Sentia que acabava de atravessar imenso deserto para encontrar de novo a mensagem doce e eterna do Cristo. Por conquistar a dignidade espiritual, só experimentara padecimentos, desde a cegueira dolorosa de Damasco. Ansiara por Jesus. Tivera sede abrasadora e terrível. Pedira em vão a compreensão dos amigos, debalde buscara o terno aconchego da família. Mas, agora, que a palavra Mais Alta o chamava ao serviço, deixava-se empolgar por júbilos infinitos. Era o sinal de que havia sido considerado digno dos esforços confiados aos discípulos. Refletindo como as dores passadas lhe pareciam pequeninas e infantis, comparadas à alegria imensa que lhe inundava a alma, Saulo de Tarso chorou copiosamente, experimentando maravilhosas sensações. Nenhum dos irmãos presentes, nem mesmo Barnabé, poderia avaliar a grandiosidade dos sentimentos que aquelas lágrimas revelavam. Tomado de profunda emoção, o ex-doutor da Lei reconhecia que Jesus se dignava de aceitar suas oblatas de boa vontade, suas lutas e sacrifícios. O Mestre chamava-o e, para responder ao apelo, iria aos confins do mundo.
39 Numerosos companheiros colaboraram nas providências iniciais, em favor do empreendimento. […]
Emmanuel
(Paulo e Estêvão, FEB Editora. Segunda parte. Capítulo 4, pp. 292 e 293. Indicadores 37 a 39)