4 Dialogava na sinagoga todo sábado, persuadindo tanto judeus como gregos. 5 Assim que Silas e Timóteo desceram da Macedônia, Paulo era absorvido pela palavra, testemunhando aos judeus ser Jesus o Cristo. 6 Opondo-se eles e blasfemando, sacudindo as vestes, [Paulo] disse para eles: sobre a vossa cabeça o vosso sangue. Eu [estou] purificado; a partir de agora irei aos gentios. 7 Tendo partido dali, entrou na casa de alguém, de nome Tício Justo, adorador de Deus, cuja casa era contígua à sinagoga. 8 E Crispo, o chefe da sinagoga, creu no Senhor, com toda a sua casa; também muitos coríntios, ouvindo, criam e eram mergulhados. — (Atos 18:4-8)
8 Confortado pelo concurso dos amigos, Paulo falou, pela primeira vez, na sinagoga. Sua palavra vibrante logrou êxito extraordinário. Judeus e gregos falaram de Jesus com entusiasmo. O tecelão foi convidado a prosseguir nos comentários religiosos, semanalmente. Mas tão logo começou a abordar as relações existentes entre a Lei e o Evangelho, repontaram os atritos. Os israelitas não toleravam a superioridade de Jesus sobre Moisés, e, se consideravam o Cristo como profeta da raça, não o suportavam como Salvador. Paulo aceitou os desafios, mas não conseguiu demover corações tão endurecidos; as discussões prolongaram-se por vários sábados, seguidamente, até que, um dia, quando o verbo inflamado e sincero do Apóstolo zurzia os erros farisaicos com veemência, um dos chefes principais da sinagoga intima-o com aspereza:
— Cala-te, palrador impudente! A sinagoga tem tolerado teus embustes por verdadeiros prodígios de paciência; mas, em nome da maioria, ordeno que te retires para sempre! Não queremos saber do teu Salvador, exterminado como os cães da cruz!…
9 Ouvindo expressões tão desrespeitosas ao Cristo, o Apóstolo sentiu os olhos úmidos. Refletiu maduramente na situação e replicou:
— Até agora, em Corinto, procurei dizer a verdade ao povo escolhido por Deus para o sagrado depósito da unidade divina; mas, se não a aceitais desde hoje, procurarei os gentios!… Caiam sobre vós mesmos as injustas maldições lançadas sobre o nome de Jesus-Cristo!… ( † )
Alguns israelitas mais exaltados quiseram agredi-lo; provocando tumulto. Mas um romano de nome Tito Justo, presente à assembleia, e que, desde a primeira pregação, sentira-se fortemente atraído pela poderosa personalidade do Apóstolo, aproximou-se e estendeu-lhe os braços de amigo. Paulo pôde sair incólume do recinto, encaminhando-se para a residência do benfeitor, que pôs à sua disposição todos os elementos imprescindíveis à organização de uma igreja ativa.
O tecelão estava jubiloso. Era a primeira conquista para uma fundação definitiva.
10 Tito Justo, com auxílio de todos os simpatizantes do Evangelho, adquiriu uma casa para início dos serviços religiosos. Áquila e Prisca foram os principais colaboradores, além de Lóide e Eunice, para que se executassem os programas traçados por Paulo, de acordo com a querida organização de Antioquia.
A igreja de Corinto começou, então, a produzir os frutos mais ricos de espiritualidade. A cidade era famosa por sua devassidão, mas o Apóstolo costumava dizer que dos pântanos nasciam, muitas vezes, os lírios mais belos; e como onde há muito pecado há muito remorso e sofrimento, em identidade de circunstâncias, a comunidade cresceu, dia a dia, reunindo os crentes mais diversos, que chegavam ansiosos por abandonar aquela Babilônia incendiada pelos vícios.
Emmanuel
(Paulo e Estêvão, FEB Editora. Segunda parte. Capítulo 7, pp. 375 a 377. Indicadores 8 a 10)