1 Quando o Mestre ensinou que não se pode servir simultaneamente a Deus e a Mamon, ( † ) não desejava, por certo, dividir as criaturas em dois campos opostos, nos quais os ricos e os pobres, os bons e os maus, os justos e injustos da Terra, se guerreassem constantemente.
2 Encontrando um doente, que nos propomos aliviar ou curar, efetuamos imediata separação entre enfermo e enfermidade, atacando a moléstia e protegendo-lhe a vítima.
3 Ninguém cogita de eliminar socorrendo ou de matar medicando.
4 Desse modo, em nos sentindo defrontados pelo avarento, saibamos afastá-lo da usura, despertando-o para a caridade.
5 Se somos chamados a cooperar no levantamento de alguém que se entregou ao vício, ajudemo-lo a soerguer-se com a verdadeira confiança em si mesmo, devidamente restaurada.
6 Se o Mestre nos pede o concurso amigo, ao lado de um criminoso, busquemos extirpar-lhe as chagas do remorso, restabelecendo-lhe as oportunidades de refazer-se e servir.
7 Há quem se isole da luta, a pretexto de cultivar a sublimação. Entretanto, é sempre fácil satisfazer aos imperativos da virtude, onde não há tentações, e não é difícil atender à caridade onde a fartura se revele excessivamente.
8 Colaboremos com o Senhor, em sua Obra Divina, acendendo luz na sombra e oferecendo bem ao mal, a fim de convertermos a animalidade primitiva em Humanidade real.
9 Nada existe na Criação de Deus sem uma “boa parte”. ( † )
10 Esforcemo-nos por desenvolver os menores princípios de elevação, que nos felicitem o caminho, buscando nas almas, por mais aparentemente transviadas ou infelizes, a “parte melhor” de que são portadoras e, embora movimentando os nossos recursos entre os grandes expoentes do erro e da maldade, da desordem e da indisciplina do delito e da viciação, estaremos realmente a serviço do Senhor, que nos confiou, com o aprendizado da Terra, a nossa bendita oportunidade de aperfeiçoamento e de santificação.
Emmanuel
(Reformador, setembro de 1953, página 208)