O Evangelho segundo o Espiritismo — Cap. XV — Item 10. n
1 Se já podes sentir a felicidade de auxiliar, imagina-te no lugar de quem pede.
2 Provavelmente, jamais precisaste recorrer à mesa do próximo, para alimentar um filho estremecido e nem saibas quanto dói a inquietação, nas salas de longa espera, quando se trata de mendigar singelo favor.
3 Quantos nos dirigem o olhar molhado, suplicando socorro, são nossos irmãos…
4 Talvez nunca examinaste os prodígios de resistência dos pequeninos sem prato certo que te abordam na rua e nunca mediste a solidão dos que atravessam moléstia grave, sem braço amigo que os assista, no sofrimento, a se arrastarem nas vias públicas, na expectativa de encontrarem alguém que lhes estenda leve apoio contra o assédio da morte.
5 Muitos dizem que há entre eles viciações e mentiras, que nos compete evitar em louvor da justiça e ninguém pode contrariar a justiça, chamada a reger a ordem.
6 Será justo, no entanto, verificar até que ponto somos culpados pelo desespero que os fizeram cair em semelhantes desequilíbrios e até onde somos também passíveis de censura por faltas equivalentes.
*
7 Deus nos dá para que aprendamos também a distribuir.
8 Assegura a disciplina, mas lembra-te de que o Senhor te agradece a bagatela de bondade que possas entregar, em favor dos que sofrem, e a palavra de reconforto que graves no coração torturado que te pede esperança.
9 Trabalha contra o mal, no entanto, recorda que as leis da vida assinalam a alegria da criança desditosa a quem deste um sinal de bondade e respondem as orações do velhinho que te recolhe os testemunhos de afeto, exclamando: “Deus te abençoe”.
10 A caridade em cada gesto e em cada frase acende o clarão de uma bênção. Será talvez por isso que a Sabedoria Divina ergueu o cérebro, acima do tronco, por almenara de luz, como a dizer-nos que ninguém deve agir sem pensar, mas entre a cabeça que reflete e as mãos que auxiliam, situou o coração por fiel sublime.
Emmanuel