O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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O Consolador — Emmanuel — 2ª Parte.


IV
ILUMINAÇÃO

Trabalho

(Sumário)

225.Como entender a salvação da alma e como consegui-la?

— Dentro das claridades espirituais que o Consolador vem espalhando nos bastidores religiosos e filosóficos do mundo, temos de traduzir o conceito de salvação por iluminação de si mesmo, a caminho das mais elevadas aquisições e realizações no Infinito.

Considerando esse aspecto real do problema de “salvação da alma”, somos compelidos a reconhecer que, se a Providência Divina movimentou todos os recursos indispensáveis ao progresso material do homem físico na Terra, o Evangelho de Jesus é a dádiva suprema do Céu para a redenção do homem espiritual, em marcha para o amor e sabedoria universais.

Jesus é o Modelo Supremo.

O Evangelho é o roteiro para a ascensão de todos os Espíritos em luta, o aprendizado na Terra para os Planos superiores do Ilimitado. De sua aplicação decorre a luz do Espírito.

No turbilhão das tarefas de cada dia, lembrai a afirmativa do Senhor: — “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.” ( † ) Se vos cercam as tentações de autoridade e poder, de fortuna e inteligência, recordai ainda as suas palavras: — “Ninguém pode ir ao Pai senão por mim.” ( † ) E se vos sentis tocados pelo sopro frio da adversidade e da dor, se estais sobrecarregados de trabalhos no mundo, buscai ouvi-lo sempre no imo dalma: — “Quem deseje encontrar o Reino de Deus tome a sua cruz e siga os meus passos.”


226.Os guias espirituais têm uma parte ativa na tarefa de nossa iluminação pessoal?

— Essa colaboração apenas se verifica como no caso dos irmãos mais velhos, ou dos amigos mais idosos nas experiências do mundo.

Os mentores do Além poderão apontar-vos os resultados dos seus próprios esforços na Terra, ou, então, aclarar os ensinos que o homem já recebeu através da misericórdia do Cristo e da benevolência dos seus enviados, mas, em hipótese alguma, poderão afastar a alma encarnada do trabalho que lhe compete, na curta permanência das lições do mundo.

Que dizer de um professor que decifrasse os problemas comuns para os alunos?

Além disso, os amigos espirituais não se encontram em estado beatífico. Suas atividades e deveres são maiores que os vossos. Seus problemas novos são inúmeros e cada Espírito deve buscar em si mesmo a luz necessária à visão acertada do caminho.

Trabalhai sempre. Essa é a lei para vós outros e para nós que já nos afastamos do âmbito limitado do Círculo carnal. Esforcemo-nos constantemente.

A palavra do guia é agradável e amiga, mas o trabalho de iluminação pertence a cada um. Na solução dos nossos problemas, nunca esperemos pelos outros, porque, de pensamento voltado para a fonte de sabedoria e misericórdia, que é Deus, não nos faltará, em tempo algum, a divina inspiração de sua bondade infinita.


227.Deus concede o favor a que chamamos “graça”?

— São tão grandes as expressões da misericórdia divina que nos cercam o Espírito, em qualquer Plano da vida, que basta um olhar à natureza física ou invisível, para sentirmos, em torno de nós, uma aluvião de graças.

O favor divino, porém, como o homem pretende receber no seu antropomorfismo, não se observa no caminho da vida, pois Deus não pode assemelhar-se a um monarca humano, cheio de preferências pessoais ou subornado por motivos de ordem inferior.

A alma, aqui ou alhures, receberá sempre de acordo com os méritos próprios, conquistados no trabalho da edificação de si mesma. É o próprio Espírito que inventa o seu inferno ou cria as belezas do seu Céu. E tal seja o seu procedimento, acelerando o processo de evolução pelo esforço próprio, poderá Deus dispensar na Lei, em seu favor, pois a Lei é uma só e Deus o seu Juiz Supremo e Eterno.


228.A autoiluminação pode ser conseguida apenas com a tarefa de uma existência na Terra?

— Uma encarnação é como um dia de trabalho. E para que as experiências se façam acompanhar de resultados positivos e proveitosos na vida, faz-se indispensável que os dias de observação e de esforço se sucedam uns aos outros.

No complexo das vidas diversas, o estudo prepara; todavia, somente a aplicação sincera dos ensinamentos do Cristo pode proporcionar a paz e a sabedoria, inerentes ao estado de plena iluminação dos redimidos.


229.Como entender o trabalho de purificação nos ambientes do mundo?

— A purificação na Terra ainda é como o lírio alvo, nascendo do lodo das amarguras e das paixões.

Todos os Espíritos encarnados, porém, devem considerar que se encontram no planeta como em poderoso cadinho de acrisolamento e regeneração, sendo indispensável cultivar a flor da iluminação íntima, na angústia da vida humana, no círculo da família ou da comunidade social, através da maior severidade para consigo mesmo e da maior tolerância com os outros, fazendo cada qual, da sua existência, um apostolado de educação onde o maior beneficiado seja o seu próprio Espírito.


230.Como iniciar o trabalho de iluminação da nossa própria alma?

— Esse esforço individual tem de começar com o autodomínio, com a disciplina dos sentimentos egoísticos e inferiores, com o trabalho silencioso da criatura por exterminar as próprias paixões.

Nesse particular, não podemos prescindir do conhecimento adquirido por outras almas que nos precederam nas lutas da Terra, com as suas experiências santificantes, — água pura de consolação e de esperança, que poderemos beber nas páginas de suas memórias ou nos testemunhos de sacrifício que deixaram no mundo.

Todavia, o conhecimento é a porta amiga que nos conduzirá aos raciocínios mais puros, porquanto, na reforma definitiva de nosso íntimo, é indispensável o golpe da ação própria, no sentido de modelarmos o nosso santuário interior, na sagrada iluminação da vida.


231.Considerando que numerosos agrupamentos espíritas se formam apenas para doutrinação das entidades perturbadas, do Plano invisível, quais os mais necessitados de luz: os encarnados ou os desencarnados?

— Tal necessidade é comum a uns e outros. É justo que se preste auxílio fraterno aos seres perturbados e sofredores, das Esferas mais próximas da Terra; entretanto, é preciso convir que os Espíritos encarnados carecem de maior percentagem de iluminação evangélica que os invisíveis, mesmo porque, sem ela, que auxílio poderão prestar ao irmão ignorante e infeliz? A lição do Senhor não nos fala do absurdo de um cego a conduzir outros cegos? ( † )

Por essa razão é que toda reunião de estudos sinceros, dentro da Doutrina, é um elemento precioso para estabelecer o roteiro espiritual a quantos desejem o bom caminho.

A missão da luz é revelar com verdade serena. O coração iluminado não necessita de muitos recursos da palavra, porque na oficina da fraternidade bastará o seu sentimento esclarecido no Evangelho. A grande maravilha do amor é o seu profundo e divino contágio. Por esse motivo o Espírito encarnado, para regenerar os seus irmãos da sombra, necessita iluminar-se primeiro.


Emmanuel


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