70. — As ciências especializadas
como a Astronomia, a Meteorologia, a Botânica e a Zoologia, foram criadas
pelo esforço do Espírito humano, na evolução das ciências fundamentais?
— Como atividades complementares das ciências fundamentais, esses estudos especializados representam um conjunto de conquistas do Espírito humano, no sagrado labor da entidade abstrata a que chamamos “civilização”.
Tais esforços constituem a catalogação das pesquisas e realizações propriamente humanas; todavia, convergem para a ciência integral no Plano infinito, onde se irmanarão com os valores morais na glorificação do homem redimido.
71. — Como julgar a posição da
Terra em relação aos outros mundos?
— A grandeza do Plano sideral, onde se agita a comunidade dos Sistemas, é demasiado profunda para que possamos assinar-lhe a definição com os mesquinhos formulários da Terra.
No turbilhão do Infinito, o sistema planetário centralizado pelo nosso sol é excessivamente singelo, constituindo um detalhe muito pobre da Criação.
Basta lembrar que Capela, um dos nossos vizinhos mais próximos, é um sol 5.800 vezes maior que o nosso astro do dia, sem esquecermos que a Terra é 1.300.000 vezes menor que o nosso sol.
Nessas cifras grandiosas, compreendemos a extensão da nossa humildade no Universo, apiedando-nos sinceramente da situação dos conquistadores humanos de todos os matizes, os quais, no afã de açambarcarem patrimônios materiais, nos dão a impressão de ridículos e vaidosos polichinelos da vida.
72. — Existem planetas de condições
piores que as da Terra?
— Existem orbes que oferecem piores perspectivas de existência que o vosso e, no que se refere a perspectivas, a Terra é um Plano alegre e formoso, de aprendizado. O único elemento que aí destoa da Natureza é justamente o homem, avassalado pelo egoísmo.
Conhecemos planetas onde os seres que os povoam são obrigados a um esforço contínuo e penoso para aliciar os elementos essenciais à vida; outros, ainda, onde numerosas criaturas se encontram em doloroso degredo. Entretanto, no vosso, sem que haja qualquer sacrifício de vossa parte, tendes gratuitamente céu azul, fontes fartas, abundância de oxigênio, árvores amigas, frutos e flores, cor e luz, em santas possibilidades de trabalho, que o homem há renegado em todos os tempos.
73. — A Humanidade terrestre é
idêntica à doutros orbes?
— Nas expressões físicas, semelhante analogia é impossível, em face das leis substanciais que regem cada Plano evolutivo; mas, procuremos entender por humanidade a família espiritual de todas as criaturas de Deus que povoam o Universo e, examinada a questão sob esse prisma, veremos a comunidade terrestre identificada com a coletividade universal.
74. — O homem científico poderá
encarar, com êxito, as possibilidades de uma viagem interplanetária?
— Pelo menos, enquanto perdurar a sua atitude de confusão, de egoísmo e rebeldia, a humanidade terrestre não deve alimentar qualquer projeto de viagem interplanetária.
Que dizermos do homem que, sem dispor a ordem na sua própria casa, quisesse invadir a residência dos vizinhos? Se tantas vezes as criaturas terrestres têm menosprezado os bens que a Providência Divina lhes colocou nas mãos, não seria justo circunscrevê-las ao seu âmbito acanhado e mesquinho?
O insulamento da Terra é um bem inapreciável.
Observemos as expressões do progresso humano, movimentadas para a guerra e para a destruição, nos triunfos da força, e rendamos louvores ao Pai Celestial por não haver dilatado no orbe terreno os processos de observação das suas vaidosas criaturas.
75. — Na diversidade de suas experiências,
é o Espírito obrigado a adaptar-se às condições fluídicas de cada orbe?
— Esse é um imperativo para aquisição de seus valores evolutivos dentro das leis do aperfeiçoamento.
76. — Poderão os fenômenos da
meteorologia ser controlados, mais tarde, pelos homens?
— Os fenômenos meteorológicos, incontroláveis pelas criaturas humanas, não o são pelos prepostos de Jesus, que buscam dispô-los de acordo com os ascendentes espirituais a serem observados em todos os processos evolutivos.
Não olvidemos, contudo, que a Terra é uma escola.
Se não é possível conceder, por enquanto, um título de conhecimento total aos discípulos rebeldes e preguiçosos, isso será possível um dia, quando a evolução moral houver atingido o nível indispensável ao aproveitamento dessa ou daquela força, em benefício de todos.
77. — Os Espíritos se preocupam
com a Botânica?
— Na Botânica encontrais as mesmas incógnitas dos princípios, apenas explicáveis pelos fatores transcendentes, o que prova a atenção do Plano espiritual para com o chamado reino dos vegetais.
Esse departamento da Natureza, campo de evolução como os outros, recebe igualmente o sagrado influxo do Senhor, através da assistência de seus mensageiros, desde os pródromos da organização planetária.
Recordai-vos de que o homem é discípulo numa escola que o seu raciocínio já encontrou organizada pela sabedoria divina e, em nome d’Aquele que é a origem sagrada de nossas vidas, amai as árvores e tende cuidado com o campo, onde florescem as bênçãos do Céu.
78. — A Zoologia é também objeto
de atenção dos Planos espirituais?
— Sem dúvida, também a Zoologia merece o zelo da Esfera invisível, mas é indispensável considerarmos a utilidade de uma advertência aos homens, induzindo-os a examinar detidamente os seus laços de parentesco com os animais, dentro das linhas evolutivas, sendo justo que procurem colocar os seres inferiores da vida planetária sob o seu cuidado amigo.
Os reinos da Natureza, aliás, são o campo de operação e trabalho dos homens, sendo razoável considerá-los mais sob a sua responsabilidade direta que propriamente dos Espíritos, razão por que responderão perante as leis divinas pelo que fizeram, em consciência, com os patrimônios da natureza terrestre.
79. — Como interpretar nosso parentesco
com os animais?
— Considerando que eles igualmente possuem, diante do tempo, um porvir de fecundas realizações. Através de experiências numerosas, chegarão, um dia, ao chamado reino hominal, como, por nossa vez alcançaremos, no escoar dos milênios, a situação de angelitude. A escala do progresso é sublime e infinita. No quadro exíguo dos vossos conhecimentos, busquemos uma figura que nos convoque ao sentimento de solidariedade e de amor que deve imperar em todos os departamentos da natureza visível e invisível. O mineral é atração. O vegetal é sensação. O animal é instinto. O homem é razão. O anjo é divindade. Busquemos reconhecer a infinidade de laços que nos unem nos valores gradativos da evolução e ergamos em nosso íntimo o santuário eterno da fraternidade universal.
Emmanuel