1 PROSSEGUIA o menino na estrada, de volta a casa, e, depois de alguns passos, longe do curral, avistou uma ave ferida, incapaz de tornar ao voo.
2 Perverso caçador acertara-lhe o corpo frágil com um grão de chumbo.
3 A infeliz arrastava-se dificilmente, provocando piedade. As penas macias das asas mostravam rubros sinais de sangue.
4 Dirigiu a Leonardo um olhar de aflição e desalento, num apelo mudo de assistência e carinho.
5 Parecia dizer:
— “Tenho o ninho cheio de filhotes que me esperam!… saí, muito cedo, procurando alimento, mas fui visada por um homem mau, que me atingiu sem razão!… 6 Ó bom menino! Ajuda-me, em nome de nosso Pai Celestial! Auxilia-me a regressar!… 7 Tenho medo, muito medo!… Lembra-te de tua mamãe que não desejava separar-se de ti e compadece-te do meu coração angustiado de mãe ferida! 8 Meus filhinhos abençoarão teu nome, cantaremos em tua janela com alegria e gratidão!”
9 O rapazinho, contudo, insensível ante aquela rogativa sem palavras, observou, rudemente:
— Ótima ocasião para a experiência do tiro ao alvo!…
10 Sem qualquer outra reflexão, apanhou uma pedra, a esmo, e, depois de mirar atentamente a cabeça arrepiada da ave infeliz, matou-a sem compaixão.
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Veneranda