1 NESSE instante, Leonardo sentiu dificuldade para manter-se na formosa paisagem a que fora conduzido.
2 Já não conseguia ver o Amigo Celeste, nem ouvi-Lo com a mesma clareza.
3 Teve a impressão de uma voz muito forte a gritar-lhe nos ouvidos:
— Leonardo! Leonardo! Leonar… dôô!…
4 O quadro desapareceu como por encanto. Nem a figura do Cristo, nem o céu azul, nem as árvores, nem o grande lago. E ele acordou na cama, atendendo ao chamado maternal.
5 Profundo contentamento invadia-lhe a alma toda. Guardava, no íntimo, a certeza de que regressava de maravilhoso país onde estivera com Jesus, frente a frente.
6 O relógio grande da sala de jantar dera sete badaladas e um sol de ouro vivo derramava-se através da vidraça.
7 Levantou-se otimista, deixando transparecer no rosto a mais viva satisfação.
8 Depois do banho matinal, contou à sua mamãe a ocorrência da noite. Descreveu com entusiasmo a grande viagem num avião desconhecido, a chegada a misterioso recanto, cheio de verdura e beleza, e, por fim, o encontro com o Mestre, de cuja boca recebera a promessa desejada.
9 Sua mãezinha ouvira-o, orgulhosa e feliz, elogiando-o com palavras de carinho e de incentivo à prática, do bem.
10 Leonardo não cabia em si de contente. Ao café; pensava consigo mesmo:
— “Não deverei esperar a revelação prometida?”
11 E aguardou a vinda de Jesus, supondo que Ele viesse traçar-lhe aos olhos assombrados um grande roteiro, como a professora nas aulas de Geografia.
— /// —
Veneranda