1 CERTA noite, depois de fervorosas súplicas, em companhia de sua mamãe, Leonardo dormiu e sonhou.
2 Teve a impressão de que o vento era um carro de asas veludosas, carregando-o, docemente, para muito longe…
3 Parecia-lhe viajar num avião diferente, sobre florestas e mares, cidades e rios, resplandecendo ao Sol. n
4 Por fim, o carro deixou-o numa paisagem desconhecida.
5 Viu-se à beira de lago cristalino semelhante a imenso espelho encrespado pelas ondas buliçosas, e lembrou-se do Genesaré, onde o Senhor ensinara a verdade e o bem aos discípulos humildes.
6 Observava as águas tranquilas, que refletiam as luzes do firmamento, sentia o perfume das árvores adjacentes, quando notou que alguém se aproximava.
7 Gracioso bando de avezinhas apareceu, de imprevisto, bicando as flores e atirando as pétalas ao chão, como se elas estivessem enfeitando o caminho para o visitante inesperado.
8 O jovem contemplava-as sob forte admiração, indagando intimamente:
— “Quem receberia semelhante homenagem da Natureza?”
9 Decorridos alguns instantes, sentiu-se à frente do próprio Cristo.
10 Não teve qualquer dúvida. A claridade sublime que se fazia em torno, o olhar suave e profundo, eram os do Mestre…
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Veneranda
[1] No livro impresso, “resplandecendo o Sol.”