1 Não procures, amigo,
Muito conforto no caminho humano
E persiste em lutar…
Sem a nossa vitória no perigo,
Sem a rude lição do desengano,
É difícil marchar.
2 Há muita gente pelo mundo afora
— Formosos corações,
Na fé indiferente —
Que louva a Paz, cantando de hora em hora,
Parecendo gozar consolações,
Mas dorme simplesmente.
3 Enquanto houver na Terra alma ferida,
Em sombra espessa que nos desagrade,
Ao fel da mágoa ultriz,
Não há céu verdadeiro para a vida,
Ninguém conhecerá tranquilidade,
Nem pode ser feliz.
4 Se te sentes na areia do deserto,
Não te abrigues no oásis mentiroso
Onde a ilusão tem fim…
Segue enxugando o pranto que vai perto
E ainda que os pés te sangrem sem repouso.
Prossegue mesmo assim.
5 O herói vive de anseios incessantes
Agindo atormentado;
Sob o peso da cruz,
Alça, em serviço a bem dos semelhantes,
O próprio coração ensanguentado
E parte para a Luz!
Carmen Cinira
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