1 Ante a cruz infamante me prosterno
E contemplo-te, oh! Cristo, os membros lassos,
O duro lenho que te prende os braços
Abre-te em sangue o coração fraterno.
2 Fitas o olhar de luz, dorido e terno,
Na cerúlea beleza dos Espaços,
Enquanto os homens, lúbricos e crassos,
Trazem ao monte cavernoso inferno.
3 Rei prostrado ante horrenda lança em riste,
Pende-te a fronte dolorosa e triste,
Sob a traição cruel dos teus mordomos…
4 E choro e grito amargamente, a esmo,
Carregando, enojado de mim mesmo,
A vergonha dos Judas que ainda somos.
Augusto dos Anjos
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