1 Além do turbilhão em que a carne se adensa,
Dilatando o pavor na alma triste e intranquila,
Desdobra-se outra luz e novo céu se anila,
Descortinando aos bons excelsa recompensa.
2 Eis que divinos sóis, prelibados na crença,
Refulgem, aurorais, em portentosa fila!
Além, constelações onde a glória cintila,
Abrindo ao nosso olhar a vida eterna e imensa
3 Ante os mundos e heróis que deslumbrado vejo,
Nosso terrestre lar é simples vilarejo,
Escuro serro hostil, entre aflições imerso.
4 E os homens — ai de nós! — somos, de pólo a pólo,
Vermes de inércia e dor, algemados ao solo,
Insultando a beleza e a pompa do Universo!…
Antônio Americano do Brasil
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