1 Querida mãezinha com o papai Ayrton, receba o meu pedido de bênção.
2 Tudo aquilo que parecia fim, representou um grande começo para o seu filho.
3 Cair sob o desequilíbrio de um veículo, sem que me fosse possível prever a extensão da luta na qual penetrava sem querer, foi uma calamidade, a princípio, 4 porque um torpor invencível me dominou as energias e, por mais me propusesse ansiosamente a socorrer a nossa querida Mônica, n a verdade é que uma força gigantesca me apagava qualquer impulso de resistência.
5 Quanto tempo gastei naquela inércia indefinível, ainda não sei dizer.
6 Acordei na posição de que fora conduzido a algum recanto de emergência, na cidade, no entanto, quanto via era agora estranho demais para que me supusesse num ambiente familiar.
7 O seu carinho compreenderá que, por muitas horas, voltei a ser o menino exigente da infância.
8 Queria, à força, que os meus viessem a mim, reclamava contra tudo e todos, quando uma senhora se colocou à minha frente.
Falou-me com bondade, conquanto não me visse em condições de reconhecê-la.
Ela propriamente se identificou, declarando-me ser a vovó Onofra n que me desejava paz e refazimento.
9 Compreendi tudo, sem maiores explicações.
Acalmei-me, porque é impossível que um doente qualquer não se acomode em se vendo no colo de alguém que lhe recorda o carinho de mãe…
10 E Mônica? perguntei.
Mas vieram outros amigos: o vovô Crimildes, n o tio Wellington, n a tia Maria, n o Dr. Pina Júnior, n o amigo Plínio Jaime, n e outras dedicações dialogaram comigo.
11 E a compreensão voltou como se fazia necessária, e lamento ver a nossa querida Mônica sofrendo os remanescentes do acidente havido, mas sei que ela está sob assistência segura.
12 Mamãe, foi preciso revirar minhas orações do tempo de criança, a fim de reformar-me na serenidade com que devo enfrentar os acontecimentos.
13 Agradeço as suas preces em meu favor, e tudo o mais que a sua bondade me oferta, a fim de que me veja corajoso e contente, tanto quanto possível.
14 Peço-lhe fortaleza de ânimo.
Os irmãos estão aí a solicitarem atenção.
Eles, com a nossa querida Silvana, necessitam e necessitam muito de sua presença e da presença de meu pai.
E a nossa Mônica será outra filha sua.
15 Mãe querida, auxilie-me a vê-la fortificada na fé.
16 Um longo tratamento com recordações repletas de dor é uma grande provação contínua, qual se fosse uma aflição parada por dentro da própria alma.
17 Confio em nossos benfeitores, cuja existência só reconheço aqui, na vida espiritual, em que ela será beneficiada com as melhoras precisas.
18 Mamãe querida, com meu pai Ayrton, com o Wellington, com a Eliane, com Silvana n e com a nossa querida Mônica, guarde em seu íntimo toda a esperança e toda a gratidão de seu filho, sempre o seu
Wander
Wander Alves Azerêdo
Servindo-nos de um depoimento prestado pelos pais de Wander Alves Azerêdo, residentes em Anápolis, Estado de Goiás, à Rua Cel. Batista, 216, a propósito da mensagem que dele receberam, pelo médium Xavier, ao final da reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 12 de setembro de 1981 — “Tudo aquilo que parecia fim, representou um grande começo para seu filho”, — nosso capítulo anterior, traçamos ligeiro escorço biográfico do Espírito comunicante, e, ao final, transcrevemos confortadora página do Benfeitor Emmanuel, qual fez a família Azerêdo no impresso da mensagem destinado ao grande público.
Wander Alves Azerêdo, filho do Sr. Ayrton de Pina Azerêdo e de D. Maria Alves Azerêdo, nasceu a 24 de abril de 1961, em Anápolis (GO), sendo o terceiro dentre os quatro filhos: Wellington, Eliane e Silvana, a caçula.
Fez o curso primário no Colégio Couto Magalhães, o ginasial, no Colégio São Francisco, e o Científico, no Colégio Pré-Universitário Einstein.
Passou o ano de 1979, nos Estados Unidos da América do Norte, mediante bolsa do Programa de Intercâmbio Estudantil do Rotary Internacional.
No início de 1980, tentou vestibular para Engenharia, em Goiânia.
Em todos os colégios por onde passou, praticou esportes, recebendo diversas medalhas, principalmente em Voley e Natação.
Participou de vários torneios goianos, sendo convidado, inclusive, para integrar a Seleção Goiana de Voley.
Wander era forte, alto (1,78m), de fisionomia triste, calado mas de bons sentimentos.
Não dava valor excessivo aos bens materiais, de personalidade firme, sincero e honesto; não gostava de fazer comentários desairosos contra quem quer que seja, e sempre foi muito responsável, assumindo todos os seus atos.
No dia 24 de janeiro de 1981, quando voltava da chácara de seus pais, trazendo Mônica, a namorada, que tinha ido passar o dia com a família dele, trafegando pela Avenida Mato Grosso, ao desviar de outro veículo, seu carro se desgovernou e chocou-se contra uma árvore.
No impacto, sofreu pancada violenta na cabeça e no tórax.
Encaminhado para o Hospital Evangélico Goiano, permaneceu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por nove dias, vindo a desencarnar, no dia 2 de fevereiro de 1981.
1 — Nossa querida Mônica: Trata-se de sua namorada, que com ele se encontrava, quando ocorreu o acidente.
2 — Vovó Onofra: Avó materna, desencarnada a 15 de fevereiro de 1977, em Anápolis.
3 — Vovô Crimildes: Avô paterno, desencarnado a 25 de janeiro de 1970, na mesma cidade goiana.
4 — Tio Wellington: Tio paterno, desencarnado a 8 de fevereiro de 1950, em Anápolis.
5 — Tia Maria: Tia paterna, desencarnada a 12 de junho de 1980, em Pirenópolis, Estado de Goiás.
6 — Dr. Pina Júnior: Primo desencarnado em Anápolis, a 20 de julho de 1942.
7 — Plínio Jaime: Amigo da família, desencarnado a 11 de novembro de 1974, na referida cidade.
8 — Wellington, Eliane e Silvana: Seus irmãos, residentes em Anápolis.
Para que possamos sair da leitura deste livro com o que há de mais enriquecedor em matéria de Espiritismo a se constituir no Consolador Prometido por Jesus, detenhamo-nos na belíssima página de Emmanuel, recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier: [Vide capítulo seguinte.]
Elias Barbosa