1 Querida mamãe Flora, tudo é tão novo que estou aqui na sensação estranha de quem ignora como se exprimir, embora no desejo incontido de dizer muito ao seu coração.
2 Agradeço-lhe a lembrança de vir.
A falta que se sente, onde estou, é um ímã atraindo-nos para a retaguarda, especialmente a falta de sua presença e de seu carinho incansável.
3 Desde muito, peço ao vovô Revalino; n que me acolheu paternalmente, me trouxesse à sua presença a fim de agradecer a paz que a senhora e o papai me proporcionaram, desistindo de qualquer processo que me recordasse, condenando alguém.
4 Afinal, os desastres de carros e motos acontecem com muita gente. E sinceramente não creio que essa ou aquela pessoa provoque acidentes usando a própria vontade.
5 A certeza que lhe dou de que aquele era meu dia, n é que a criança ficou e tive de viajar para meu novo modo de ser.
6 Tudo estava na medida certa; no começo, a gente reclama, indaga porquê, pretende apontar faltas alheias e caça desculpas, no entanto, a chamada para a vida diferente que vim a conhecer na Espiritualidade, chega a ser uma intimação do Invisível. n
7 As atitudes do lar, desconhecendo voluntariamente qualquer culpa e desprezando certas sugestões de amigos menos conscientes da realidade, me proporcionaram verdadeiras bênçãos de paz, com as quais alicercei o recomeço por aqui.
8 Muitos amigos me ampararam no sentido de obter promoção em trabalho e conhecimento, mas o vovô Revalino permanece à frente de todos os benfeitores.
9 Lembro-me do papai José, da Rosa Helena, n da Vera Lúcia, n e peço a Deus abençoe a nossa casa com a união e a paz que sempre reinam conosco.
10 Mãezinha Flora, se minhas notícias podem tranquilizá-la, espero que as minhas letras lhe ofereçam a convicção de que me vejo na melhor forma que me seria possível obter.
11 Procurei pautar o meu comportamento onde estou, com as suas instruções sustentando-me forte, qual se estivesse vivendo uma transferência de colégio para continuar estudando e, desse modo, contendo as lágrimas tão nossas, me harmonizei com o inevitável, e desejo que o mesmo suceda ao seu carinho de mãe.
12 Estimaria desenhar uma relação de abraços, mas o seu devotamento fará isso por mim, dizendo aos que nos compartilham da intimidade que a sua filha vai seguindo bem e que não seria numa simples moto sacudida e arremessada por um golpe do caminhão que haveria de distanciar-nos uns dos outros.
13 Meus agradecimentos a cada um dos que nos entretecem a rede de amizade e reconforto.
14 E o seu coração receba nesta carta o imenso amor e o reconhecimento constante de sua filha, sempre sua companheira na vida e no coração,
Edna Telma n
Edna Telma Pena
Entrevistamos, pela primeira vez, a senhora mãe de Edna Telma — D. Flora Pena Nogueira, residente em Goiânia (Av. Ernestino Guimarães, 547-A, Bairro Campinas), — na tarde de 25 de outubro de 1980, em Uberaba.
Posteriormente, dela recebemos atenciosas cartas e vários telefonemas de seu distinto irmão — o advogado Dr. Alderico Nogueira (fone 251-0288), — todos nos fornecendo preciosos dados sobre as mensagens psicografadas pelo médium Xavier, dos quais nos serviremos, por itens.
Iniciemos, sem mais delongas, o estudo da mensagem recebida na noite de 27 de junho de 1980, ao final da reunião pública do Grupo Espírita da Prece — “Promoção em trabalho e conhecimento”, — nosso capítulo anterior.
Edna Telma Pena, filha do Sr. José Pena Nogueira e de D. Flora Pena Nogueira, nasceu e desencarnou em Goiânia, respectivamente, em 9 de novembro de 1963 e 27 de janeiro de 1978.
Desprendida ao extremo, cursava a 7ª série do Colégio Assis Chateabriand; onde, sempre que surgia a oportunidade, passava os seus lanches e parte de seu material escolar para as colegas mais necessitadas.
Dedicada às crianças, costumava comemorar o seu aniversário natalício numa creche, dando-nos com isso admirável exemplo.
Quando atravessava, com a sua mãezinha, movimentada avenida da Capital de Goiás, na 2ª-feira (ela veio a desencarnar na 6ª-feira), chegou a dizer à D. Flora, com certa firmeza na voz:
— Mamãe, a senhora é muito distraída. Eu sei que vou morrer debaixo de um carro, mas a senhora, não!
Na verdade, Edna Telma não desencarnou debaixo de um carro, mas foi literalmente amassada por um caminhão, como veremos, dentro em pouco, mais detalhadamente.
1 — “Desde muito, peço ao vovô Revalino, que me acolheu paternalmente, me trouxesse à sua presença a fim de agradecer a paz que a senhora e o papai me proporcionaram, desistindo de qualquer processo que me recordasse, condenando alguém.” — Depois de nos informar que o Sr. Revalino José Nogueira, avô materno de Edna Telma, desencarnou em Goiânia, a 14 de agosto de 1973, D. Flora, em carta que nos dirigiu, datada de 19 de novembro de 1980, diz-nos o seguinte, depois das considerações iniciais:
“O fim desta é para confirmar os fatos que antecederam a desencarnação de minha querida filha Edna Telma Pena, e, ao mesmo tempo, agradecer ao nosso Pai Celestial a graça que recebi e continuo recebendo — as mensagens de minha filha, por intermédio do nosso querido Chico Xavier, a quem tanto devo.
“Edna Telma estava em nossa residência, em Goiânia, no bairro de Campinas, numa quarta-feira, quando me pediu permissão para ir à casa de sua tia Ordália Nogueira Gonçalves. Minha resposta foi negativa, tendo em vista que ela deveria ir ao médico Dr. José Gomes (ortopedista), para levar o resultado de uma radiografia que havia tirado, dias antes.
“Mesmo assim, a contragosto, conseguiu o meu consentimento.
“Em seguida, fui para Goiânia, tratar de assuntos de meu interesse junto à Secretaria da Educação, e Edna Telma seguiu para a casa de sua tia Ordália, lá chegando por volta das 15:00 horas.
“Na quinta-feira, Edna Telma passou o dia todo muito feliz, alegre e animada junto de suas primas Geralda Nelis, Sandra e Maria de Fátima.
“Na sexta-feira, levantou-se muito cedo, tendo, contente, arrumado a casa.
“Edna tinha uma grande afinidade por Maria de Fátima, sua prima, e lhe deu, naquele dia, algumas roupas e uma sandália novas, alegando que não iria mais precisar daquilo.
“Sem mais nem menos, Edna Telma resolveu voltar para casa, e, na despedida, Maria de Fátima perguntou-lhe:
“— Que dia você voltará por aqui? Por que não espera o almoço?
“Ao que ela respondeu:
“— Nunca!
“E acrescentou, ante o susto da prima com semelhante resposta:
“— Talvez em março.
“No caminho de volta à nossa casa, encontrou-se com o seu tio Mariano Gonçalves, esposo de Ordália, que insistiu com ela para que não fosse embora, tendo recebido a seguinte resposta: — Não posso ficar, tio, porque tenho de ir ao médico!
“Chegando em casa, aproximadamente às 11:00 horas, foi repousar um pouco.
“Neste momento, o garoto Adriano Peixoto, filho de Sebastião Peixoto, convidou Edna para ir, de moto, até à chácara de seu pai, próxima à cidade, buscar encomendas, o que ela aceitou, já que sempre existiu grande amizade entre as duas famílias.
“Eu, ainda não havia regressado de Goiânia.
“Mal sabia Edna Telma que era sua última viagem, ou melhor, seu último passeio aqui na Terra.”
Pessoalmente, disse-nos D. Flora:
— Que Edna Telma, quando regressava da casa da tia Ordália, passando pela casa de uma senhora que se encontrava acamada, para tomar água, brincara com esta: “qual de nós duas partirá primeiro?”
— Que o amigo Adriano (com 10 anos de idade, na ocasião do acidente), que guiava a sua Garelli, ao trombar com um caminhão de transportes, nada sofreu.
— Que a família, com efeito, moveu processo contra o motorista (e o médium Xavier, naturalmente, desconhecia todos esses detalhes), mas D. Flora e o seu irmão Dr. Alderico acharam por bem não prosseguirem no intento, considerando que o motorista, na época, era pai de cinco filhos.
— Que o Sr. Revalino José Nogueira, avô materno de Edna Telma, desencarnou em Goiânia, a 14 de agosto de 1973.
2 — “A certeza que lhe dou de que aquele era meu dia, é que a criança ficou e tive de viajar para meu novo modo de ser.”
Pormenor importantíssimo que prova a autenticidade mediúnica é este da criança que ficou. Quem poderia pensar numa criança dirigindo qualquer moto?
3 — Intimação do Invisível — Expressão das mais felizes a relembrar-nos que os Desígnios Superiores regem as nossas vidas, competindo-nos, enquanto estamos a caminho, trabalhar até o limite das nossas forças, orando e vigiando sempre, identificados com o nosso guia e modelo — Jesus Cristo.
4 — Rosa Helena: Trata-se da irmã Sra. Rosa Helena Alves Borges, casada com o Sr. Lindomar Alves Borges, na época da entrevista, mãe de três filhos.
5 — Vera Lúcia: Irmã de criação e madrinha de Edna Telma. A seu respeito, eis o que nos disse D. Flora: “Esta foi mais mãe para a Edna do que eu, que sempre trabalhava o dia todo.”
Que Jesus, o Divino Mestre, possa continuar abençoando o Espírito de Edna Telma, na Espiritualidade Maior.
São os nossos votos.
Segunda Mensagem
1 Querida mamãe Flora, abençoe-me.
2 Entendo que a sua bondade espera um testamento em que lhe fale de tudo o que sucede à sua filha, no entanto, as nossas longas expectativas devem permanecer no abraço de feliz aniversário que lhe trago pela passagem do próximo domingo passado.
3 Deus lhe cubra o coração e a estrada com estrelas de paz e alegria, são os votos de meu coração para o seu.
Felizmente, estou melhor e cada vez mais entusiasmada com a vida.
Tudo brilha para a nossa esperança.
4 O vovô Revalino veio comigo, e abraça ao tio Alderico e a tia Olívia, n com um beijo em sua fronte de aniversariante querida. n
5 Ele pede seja dito ao tio Alderico que não existem dificuldades eternas e que o caminho em sua fronte reflete aquilo que carregamos por dentro de nós.
6 A nossa confiança íntima nos fará ver a confiança da Natureza, e a nossa alegria de viver surpreenderá a alegria onde estivermos.
7 Mamãe querida, minhas orações a Deus pela felicidade de meu pai são constantes. n
8 Muito carinho à Rosa Helena e à Vera Lúcia. n
9 E envolvendo-a nos meus beijos de reconhecimento, com o meu amor cada vez mais amor por coração querido, sou, como sempre, a sua
Edna Telma n
Edna Telma Pena
Não nos sendo possível incluir no presente volume, por motivo de espaço, a terceira e bela mensagem de Edna Telma Pena, psicografada pelo médium Xavier, a 22 de janeiro de 1982, passemos, agora, à análise da recebida pelo referido instrumento mediúnico, ao final da reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 12 de junho de 1981 — “Tudo brilha para a nossa esperança”.
1 — “Entendo que a sua bondade espera um testamento em que lhe fale de tudo o que sucede à sua filha, no entanto, as nossas longas expectativas devem permanecer no abraço de feliz aniversário que lhe trago pela passagem do próximo domingo passado.”
a) Testamento: Dona Flora Pena Nogueira comentava, na parte externa do Grupo Espírita da Prece, horas antes de receber das mãos abençoadas do médium Chico Xavier as laudas de papel contendo a mensagem de Edna Telma, com as amigas Terezinha Fátima Marra, Maria do Carmo Tano, Maria Lídia Vecchi e D. Aparecida, residentes, respectivamente, na Rua 246, nº 198, Setor Coimbra, Goiânia-GO, Fone 233-8240; Av. Tietê, nº 679, Vila Nova Gerty, São Caetano do Sul-SP; Rua Luís Fiorrotti, nº 757, Vila Olímpica, São Caetano do Sul; e Av. João XXIII, nº 1311, Uberaba-MG, que recebia somente “telegramas” de sua filha desencarnada, e gostaria de receber uma mensagem com muitas folhas, ou seja, um testamento, como se diz popularmente, o que, na realidade, não aconteceu. Prova admirável da perfeita filtragem mediúnica.
b) Feliz aniversário: Com efeito, a 7 de junho, domingo, D. Flora celebrava mais um natalício, e ninguém, em Uberaba, a não ser a sua filha querida, poderia lembrar-se disso.
2 — Vovô Revalino; tio Alderico e tia Olívia: Sobre os dois primeiros nomes, confrontemos o item 1 do Capítulo 4, acima. D. Olívia é a esposa do Dr. Alderico Nogueira.
3 — Aniversariante querida: Realmente, a 12 de junho, na noite da transmissão da mensagem, D. Olívia e Dr. Alderico estavam completando 37 anos de casados.
4 — “Mãe querida, minhas orações a Deus pela felicidade de meu pai são constantes.”
O Sr. José Pena, pai de Edna Telma, havia se submetido a uma cirurgia ocular, recentemente, e dela estava se recuperando.
5 — Rosa Helena e Vera Lúcia: Consultemos, acima, os itens 4 e 5 do Capítulo 4 [No livro impresso.]
“Irmão Elias,” — diz-nos D. Flora, numa de suas cartas — “você não pode imaginar a alegria que está me proporcionando, por saber que as mensagens de Edna Telma vão sair num de seus próximos livros em organização, mensagens consoladoras, que espero sejam também alentadoras para muitas mães.”
A alegria é nossa, D. Flora, e, temos certeza, do médium Xavier e de todos os nossos leitores amigos.
Elias Barbosa