Filho de Orlando Signore e de Maria de Lourdes Signore, dois irmãos, Carlos Augusto Signore e Regina Signore Zacanini, Paulo Augusto foi colhido nas areias da praia por um raio fulminante.
Técnico em Contabilidade, preparava-se para o Vestibular de Economia.
Paulinho trabalhava com o genitor de outro jovem autor deste livro, o Hélio Manzo Júnior de quem era muito amigo.
NOTÍCIAS DO FILHO SEIS ANOS DEPOIS
A mensagem do Paulinho foi recebida seis anos e meio após sua desencarnação. Após tanto tempo, era como se eu recebesse uma carta de outro país, foi uma bênção de Deus.
Jamais poderia imaginar que fosse receber algo tão belo.
Mensagem
1 Querida mãezinha Lourdes, com o meu pai Orlando, receba os meus melhores sentimentos de carinho e gratidão.
2 Mãezinha Lourdes, isso foi há tanto tempo e ao vê-la aqui ao meu lado tudo parece haver acontecido ontem. Estou a ouvi-la convocando a gente para o almoço.
3 O céu está levemente nublado. A praia é um ninho de bênçãos. O mar está lindo, assemelhando-se a um grande espelho móvel. Os companheiros e eu brincávamos com a bola e pedi em voz alta para que o almoço me esperasse. n
4 De repente, lembro-me com segurança, fomos surpreendidos pelo clarão de um relâmpago e com o clarão surgiu um chicote de fogo que nos fulminou os quatro.
5 Onde o tempo para raciocinar? Impossível. Se houve tumulto ou gritaria, de nada me recordo, porque tombei inconsciente.
6 Ignoro quanto tempo despendi naquela queda de força com absoluta impossibilidade de manejar meus próprios pensamentos…
7 Sei que me debati, entre a penumbra e a luz, entre a alucinação e a consciência de mim mesmo, por vários dias. 8 Senti-me sob tratamento hospitalar, qual se fosse um asilado comum em casa de emergência.
9 Muitos amigos apareceram, mas não reconheci nenhum, até que um deles me rogou atenção para identificá-lo por vovô Ângelo n e, desde então, encontrei um ponto de referência para reconhecer-me, ao modo de um viajante perdido que surpreende uma estaca, através da qual consegue fazer a revisão do próprio caminho.
10 Os dias se sucederam a outros dias, até que pude revê-la junto ao papai Orlando, à Regina e ao Carlos Augusto.
11 Mãezinha Lourdes, compreendo que em nós, na intimidade da família, aquela ida à praia ficou parada em nossa cabeça. 12 Pensamos e repensamos, procurando a causa daquele corisco que o Céu enviava para quatro pessoas que nem se conheciam entre si, mas o vovô Ângelo e a vovó Maria Miniucci n nos pedem a coragem de entregar tudo aos Desígnios de Deus, seguindo para frente.
13 Por aqui, estudo reencarnação e estou começando a entender o motivo pelo qual os companheiros e eu fomos fulminados e, mais tarde, espero a possibilidade de examinarmos o meu caso.
14 Por agora, no entanto, rogo-lhes me auxiliem a esquecer o que passou, porque estou em outras faixas de trabalho e penetração em conhecimentos com os quais nem sonhava.
15 Trago as minhas notícias, porque os pais queridos ainda não se acreditam refeitos da provação sofrida. Olvidemos o que já ficou para trás no calendário e busquemos otimismo e fé viva em Deus para vivermos com mais segurança.
16 Se repisar as saudades que ainda trago, já sei que o sofrimento tingirá de roxo tudo o que eu possa escrever e não desejo isso. Quero que a Regina e o nosso Zacanini n com o nosso Carlos Augusto estejam contentes e animados para encontrar a felicidade e aproveitá-la, tanto quanto lhes seja isso possível.
17 Mãezinha Lourdes, aqui devo terminar, reunindo-a com o papai Orlando em meu coração. 18 Não posso continuar porque a minha quota de tempo para um relatório doméstico já terminou e não posso abusar da generosidade dos amigos que nos hospedam aqui.
19 Ao papai, o respeitoso amor de sempre e para o seu carinho, querida mãezinha Lourdes, todo o carinho florido de saudades e esperanças do seu filho e companheiro sempre mais seu,
Paulo Augusto
Paulo Augusto Signore.
17/06/1983.
[1] Realmente, conta-nos sua genitora, Paulinho fora chamado para o almoço pouco antes do acidente que o vitimou.
[2] Ângelo Miniucci, avô materno, desencarnado em 1973.
[3] Avó materna, falecida em 1966.
[4] Referência aos irmãos e ao cunhado, Savério Zacanini.
Caio Ramacciotti