Professor Universitário, médico conceituado, Edvar Santana, formado pela Escola de Medicina do Rio de Janeiro em 1951, clinicou no Estado de Goiás, desde 1952 até sua desencarnação.
Em seu currículo respeitável, o Prof. Edvar anota as seguintes atividades, entre outras:
—Desde 1962, professor da Universidade Federal de Goiás.
— Desde 1953, médico da Organização Estadual de Saúde de Goiás.
— Responsável pelo setor de Clinica Médica do Hospital do Pênfigo de Goiânia.
— Médico do Serviço Nacional de Lepra.
— Especialista em Gastroenterologia.
Casado com D. Aída Mattos Santana, pai de dois filhos: Carlos Augusto, economista e Carlos Alberto, administrador de empresas, o Prof. Edvar faleceu aos 52 anos, por ruptura de aneurisma cerebral.
Casal muito unido, é natural que após a longa convivência de mais de 25 anos, a separação, já por si difícil, provocasse em D. Aída a angústia compreensível da saudade. E, levada por amigos de Goiânia, D. Aída foi até Chico Xavier. Desse encontro nos fala a esposa do Prof. Edvar:
ENCONTRO DA ESPOSA COM O MÉDIUM CHICO XAVIER
Devo dizer que em Chico, não encontrei unicamente o fiel instrumento da Espiritualidade Consoladora, nem, tampouco, apenas o portador de uma missiva confortadora, segura e verídica em todos os detalhes, mas também, a paciência, a humildade e o amor personificado, símbolo de arrimo e amparo a todo os que sofrem.
A grande felicidade que hoje sinto, a resignação que aprendi a cultivar, chegaram-me através dos esclarecimentos dessa abençoada Doutrina; mas a certeza, a prova de tudo o que aprendi, veio-me através de uma carta simples; poucas páginas descortinaram-me a realidade sem véus. A morte não existe, a vida, o amor continuam sempre.
Mensagem
1 Querida companheira, Deus nos abençoe.
2 Aída! É o nome que me ilumina sempre. A esposa e a irmã, o apoio e a bênção.
3 Não me suponha distante. Desde que me vi na companhia do papai Francisco José, n você tem sido a minha ideia constante.
4 Quisera ter permanecido em nossa felicidade, que realmente sempre nos pareceu um sonho — um sonho bom que a realidade se encarregou de desfazer…
5 Isso, porém, sucede apenas no Plano das composições transitórias da matéria densa. Muito para lá de tudo isso que constitui a paisagem física do mundo, outra vida nos espera, palpitante de beleza e de alegria.
6 Certamente que me vejo dentro da nova situação, à maneira de um homem transportado sem querer a maravilhoso país, a fim de se iniciar em estudos e tarefas diferentes, mas estranho aos prodígios que o cercam.
7 Impraticável a felicidade sem você a compartilhar comigo dos caminhos novos, nos quais a sabedoria de Deus se manifesta em mais altas expressões de sabedoria da vida.
8 Companheira querida, se encontro algum reconforto, ainda é aquele mesmo de ouvi-la, agora através da melodia de nossas lágrimas unidas nas saudades, juntas no mesmo diapasão de conformidade e de esperança na Bondade do Criador que não nos criaria para separar-nos.
9 Sei quanto esforço lhe custa a separação aparente e louvo a sua decisão de procurar em mais trabalho o esquecimento impossível.
10 O serviço ao próximo é um dom de Deus que nos balsamiza as feridas do sentimento, conquanto não as cure de vez. Entretanto, ainda é esse o único medicamento suscetível de sustentar-nos as forças, para que nenhum ato de rebeldia, contra as Leis do Senhor, nos venha tisnar a limpidez da fé viva que sempre nos uniu ao respeito para com Deus, em nossas horas de união e de júbilo indestrutíveis.
11 Por isso, peço-lhe: continue…
Continue com as nossas irmãs que se consagram aos enfermos, notadamente aos nossos companheiros que a doença deforma. A hanseníase será talvez a provação maior na Terra e, por isso mesmo, fortalecer e consolar as criaturas sitiadas no vale das chagas, quase sem remédio, é um ato de amor profundo ao próximo necessitado.
12 Tanto quanto se me faça possível, segui-la-ei em suas peregrinações de fé e de abnegação.
13 Aqueles amigos e aquelas irmãs dilapidados no corpo e na alma são agora a nossa nova família. Sou grato à nossa irmã Elba n por incentivá-la à execução dessa tarefa de bênçãos ocultas.
14 Sei que nossos filhos continuam sendo os nossos amores e não me desinteresso deles. Os nossos dois Carlos são nossas estrelas, tanto quanto a mãezinha Tereza, n em nosso recanto interior cercada por meus caros irmãos. No entanto, estamos nós dois numa estrada nova, onde o sofrimento alheio nos socorre o nosso difícil caminho de inquietações, florido de preces e de esperanças.
15 Peço que diga ao nosso Carlos Alberto que estamos confiantes nele, tanto quanto temos os nossos pensamentos em oração pelo êxito de nosso Carlos Augusto, com a familinha, mas, acima de tudo, desejo que você saiba que prosseguimos de mãos dadas no mesmo caminho de ontem e de sempre.
16 Aída, trabalhemos pelo bem dos outros. Aí temos o nosso segredo — o segredo da construção de nossas alegrias para o reencontro.
17 Viva e viva contente por ser útil. Doemos aos companheiros em provação as energias do nosso amor e de nossa alma. Hoje sei que a gente se ama até encontrar o lenho do Cristo para que nosso amor escale a cruz da resignação para atingir a suprema união no Indefinível.
18 Se essa é a nossa realização de agora, saibamos nós dois efetuá-la de ânimo forte, na certeza de que o Senhor nos vê e nos apoia na jornada para os Cimos. Toda subida exige cansaço e suor.
Que saibamos pagar semelhantes tributos, para atingirmos os bens imperecíveis.
19 Com estes pensamentos de confiança e de amor, aqui termino, com a frase que repeti tantas vezes e que você não pode esquecer:
20 Aída — você é a criatura mais amada na Terra, porque eu, seu esposo e companheiro, “te amo muito”.
Em seus passos, todo o carinho e a imensa gratidão do seu
Edvar
Edvar Santana.
20/02/1981.
[1] Francisco José de Santana, genitor do Dr. Edvar, desencarnado em 1941.
[2] Elba Consort de Melo Álvares, dedicada militante espírita em Goiânia, juntamente com seu marido, o ilustre Professor Múcio Melo Álvares.
[3] Os filhos do casal, Carlos Alberto e Carlos Augusto Mattos Santana.
Tereza Rosa de Jesus, mãe do Dr. Edvar e que faleceu posteriormente à recepção da mensagem, no dia 14 de janeiro de 1982.
Caio Ramacciotti