1 Alma fraterna e boa, em teu caminho,
Quando a vida pareça dor que se condensa,
Qual tempestade arrasadora e imensa,
Constrangendo-te o peito a terrível pesar,
Não te rendas às trevas da revolta,
E ante a sombra do mal que te injuria,
Ouve o Tempo a falar-te em novo dia:
— Amparar e seguir, esperar e esperar…
2 Quanta gente no mundo, a esta mesma hora,
Traz o cérebro em fogo e o coração vazio,
Atravessando a noite a tiritar com frio
E debalde buscando o refúgio de um lar!…
É o doente esquecido na calçada,
É a criança largada aos recantos da rua…
E, ao lado de quem chora, a vida continua
— Socorrendo e lenindo, a esperar e a esperar…
3 Pensa no coração materno em sofrimento,
Quando medita sobre um filho morto;
Na dor do companheiro em desconforto,
Que a penúria compele a mendigar,
Na solidão amarga dos enfermos
Cuja prova se agrava, instante a instante,
Aos quais a fé relembra, em apelo incessante:
— Resistir e vencer, esperar e esperar…
4 Tudo segue no mundo de passagem,
Fama, beleza, fausto, honraria, nobreza…
A alegria é irmã gêmea da tristeza,
A vitória e a derrota alternam de lugar
Mas acima de toda circunstância,
Na civilização martelada e sofrida,
Reina a Lei do Senhor, rogando-nos à vida:
— Amar e recompor, esperar e esperar…
5 E se à frente da luta desdobrada
De grupo contra grupo, em quase toda a Terra,
Atraindo a violência e as torturas da guerra,
Qual se a força do Bem devesse naufragar,
Se pedirmos a Deus resposta às nossas ânsias,
Ouviremos do Céu que nos guarda e ilumina
A mensagem de amor da Compaixão Divina:
— Trabalhar e servir, esperar e esperar…
Maria Dolores
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