1 Contempla o campo agreste, enquanto o arado oprime
A terra maternal que exibe o seio em chaga…
Tudo é maldade ultriz na lâmina que esmaga,
Tudo é bênção de amor na vítima sublime.
2 Mas no solo que geme, inerme, sob a adaga
Do arado que aparenta iniquidade e crime,
Surge a messe feliz que, em júbilo, se exprime,
Multiplicando o pão que nos sustenta e afaga.
3 Como a terra, é também o coração humano
Que sofre golpes mil de angústia e desengano
Algemado ao paul da sombra que se adensa…
4 Mas, depois da aflição de obscuro destino,
Em si mesmo produz o excelso dom divino
De brilhar e servir na Eterna Recompensa.
Amaral Ornellas
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