1 Ressentimento não se constitui tão só do azedume que se nos introduz no espírito, quando a incompreensão nos torna intolerantes, à frente das grandes dificuldades de alguém.
2 Existem igualmente os pequeninos contratempos do cotidiano que, sem a precisa defesa da vigilância, acabam por transformar-nos o coração em vaso de fel, a expelir germes de obsessão e desequilíbrio, ambientando a enfermidade ou favorecendo a morte.
3 Analisemos essas diminutas irregularidades que nos será lícito classificar como sendo cargas de sombra íntima:
4 o descontentamento à mesa porque a refeição não apresente o prato ideal;
5 a impaciência ante a condução retardada;
6 a indisposição contra o clima;
7 a contrariedade em serviço;
8 o constrangimento para desculpar um amigo;
9 o mal-estar perante um desafeto;
10 o melindre desperto, em ouvindo opiniões que se nos mostrem desfavoráveis;
11 o desagrado nas compras;
12 o desgosto injustificável em família, unicamente pelo motivo desse ou daquele parente não pensar pela nossa cabeça;
13 os cuidados exagerados com obstáculos naturais na experiência comum;
14 a pressa e a agitação desnecessárias;
15 o descontrole ante uma visita-problema;
16 a exasperação diante de uma tarefa extra-programa;
17 o desespero contra as provas inevitáveis que a vida nos oferece a cada um.
18 Tanto pesa na balança o quilo de chumbo em massa, quanto o quilo de palha nela depositado, de haste em haste.
19 Meditemos, em torno disso, e reconheceremos que o perdão incondicional deve também alcançar as mínimas circunstâncias que se nos façam adversas.
20 Em síntese, para que a paz more conosco, assegurando-nos proveito e alegria, nos caminhos do tempo, é forçoso não apenas trabalhar e servir sempre, mas igualmente compreender e abençoar.
Emmanuel