1 Querida mãezinha Iracy, n peço-lhes, tanto quanto a meu pai Américo, para que me abençoem.
2 Sinto a emoção da festa de alegrias e lágrimas. Vinte e sete anos representam o marco de meu caminho no calendário, ante o dia de hoje.
3 A vida não terminou com a ocorrência pela qual fui transferido de moradia. Permaneci em casa pelo tempo previsto. Agora temos a felicidade de cultivar uma fé nova, aquela que nos nasceu do sofrimento.
4 A confiança em Deus e em nossa própria imortalidade. Realmente, não posso ajustar-me a tanto carinho, qual a ternura que me oferecem. Compreendo, porém, que a certeza de nossa comunhão espiritual é um agente de harmonia e refazimento em nossas vidas. 5 Desejaria prolongar a nossa festividade íntima e discreta, tornando-a extensiva a todos os corações pressionados pela dor que comparecem aqui.
6 Se pudesse estimaria ser aquele que servisse paz e esperança no prato vazio de tantas criaturas admiráveis de amor que se entrelaçam conosco, em nossa reunião, procurando consolo e fé positiva.
7 Creio que os amigos da supervisão me permitiram escrever à querida mãezinha, à querida Salete, n à nossa estimada Maria Aparecida, n aos meus sobrinhos queridos e aos nossos familiares distantes, como se o fizesse a todos aqueles irmãos nossos que a saudade martiriza, amenizando-lhes os recessos do espírito.
8 Não posso enfileirar nomes, nem efetuar referências pessoais que traduzam reconforto a cada um, entretanto, posso pedir aos companheiros em prova para que asserenem os próprios corações e confiem na Divina Providência.
9 Sentimos em nós a angústia de mães e pais que perderam filhos amados na convivência terrestre e filhos e amigos que choram a ausência de seres abençoados que lhes estruturavam a força da vida, e comovemo-nos diante dos problemas e conflitos de que se fazem portadores. No entanto, se posso fazer isso, rogo a todos para que não se rendam ao desespero.
10 Muitos daqueles corações lembrados aqui vivamente em petições fervorosas ainda se acham hospitalizados em refazimento e outros ainda não conseguiram reaver a energia necessária a fim de se revelarem tais quais são em mensagens ansiosamente aguardadas para instrução e consolo.
11 Ninguém escapa ao espírito de sequência que rege a natureza em todos os campos da vida.
12 A morte não existe, qual a vemos no mundo, à feição de um carrasco insensível, arrebatando às criaturas da Terra os entes que mais amam, no entanto, não deixa de ser alteração e, por vezes, profunda. 13 Uma ou outra vida nos espera neste Outro Lado do Plano Físico, entretanto, em muitos companheiros os traumas da chamada separação calam fundo e em outros muitos tão grande se lhes faz a mudança que necessitam de tempo a fim de retomarem a forma em que se mostravam no mundo, para serem positivamente identificados.
14 O amor não desaparece, mas os processos de manifestá-lo variam ao infinito.
15 Creiam todos os amigos presentes que não existem pessoas abandonadas. Entidades fiéis e amigas continuam velando pelo bem daqueles que os recordam no carinho da afeição e do reconhecimento e conquanto nem sempre se comuniquem, isso não quer dizer que pairam hoje num céu de olímpica indiferença perante a dor de quantos lhes assinalam a retaguarda.
16 Estamos todos vivos e sempre mais lúcidos para a fixação de raciocínios mais lógicos.
17 A lágrima é natural. Não sabemos de alguém que na Terra não haja chorado algum dia, guardemo-nos, porém, no círculo de nossas emoções dentro da coragem que nos cabe testemunhar diante da vida.
18 Nós, os que seguimos à frente, somos os que esperam. E os amados que ficaram, na essência, são aqueles entes queridos que virão. Não desejamos, no entanto, tempo curto na Terra para pessoa alguma.
19 Os dias da existência humana são contas de luz no colar da experiência, quanto mais buriladas as pedras preciosas e simbólicas de nossas provações, mais amplamente retratam a beleza da luz.
20 Vivamos todos, onde o Senhor nos coloca, buscando realizar o melhor de nós, para que o melhor de nossa presença consiga felicitar os que convivam conosco.
21 Perdoem-me se lembranças assim são alinhadas no papel por um servidor tão pequenino e apagado, quanto eu mesmo, isso, no fundo, é o meu desejo de despersonalizar a imensa ternura dos familiares que me abençoam para que nos sintamos, eles e eu, unidos com as aspirações e as lutas de todos.
22 Somos, perante Deus, uma família só.
23 Querida Salete, agradeço-lhe as palavras de irmã fiel à nossa confiança recíproca.
Continuemos.
Nosso Renato n é seu esposo, mas, pelo coração é igualmente seu filho. Auxilie-o sempre, o homem na atualidade terrestre faceia dificuldades sem conta e parece, muitas vezes que, em casa, se fazem introvertidos ou quase indiferentes. 24 Entretanto, não é bem isso, cansaço necessita refazimento e daí os silêncios e reclusões a que muitos dos companheiros no Plano Físico experimentam absoluta necessidade. Continue alegre e otimista, os filhinhos são seus e nossos tesouros.
25 Peço à querida mamãe que receba esses mesmos pensamentos em relação ao meu pai Américo; vovó Sílvia n e tia Prisciliana n estão conosco, o nosso irmão Norberto n veio ao nosso encontro, e nós todos juntos nos colocamos no encalço dessa confraternização com todos os corações presentes em nossa reunião que tento abraçar.
26 Precisamos seguir para o alvo com a nossa união em Jesus. Todos os dias da Terra são momentos marcados para o amor que compete buscar com perseverança.
27 Agradeço à nossa Maria Aparecida n a presença de paz e carinho.
28 Mãezinha Iracy agradeço a sua bondade quanto faz pela felicidade de seu filho, das suas mãos e das mãos de nossa querida Salete venho recebendo as maiores doações de socorro e de amor na pessoa daqueles aos quais ambas prestam auxílio.
29 Agradeço essas festas de todos os dias pelas quais sou aquele que mais recebe, embora nada possua ainda para doar, senão a minha própria necessidade de receber essa bendita cooperação, nos contatos de beneficência e da prece, com que me fazem cada vez mais feliz.
30 Querida mãezinha Iracy, querida irmã Salete e queridos meus, peço a Jesus nos reúna em sua bênção. Receba mamãe querida, com meu pai Américo o respeitoso amor e o constante reconhecimento do filho que lhes beija as mãos.
Ricardo Tadeu
(Mensagem recebida pelo Médium Francisco Cândido Xavier, ao final da reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 22-7-1978, em Uberaba, Minas Gerais).
Vide em ANEXO as notas e esclarecimentos de alguns nomes contidos na mensagem.