O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Mensagens que confortam — Mensagens familiares de Ricardo Tadeu


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O lar, visto do outro lado da vida

1 Querida mãezinha, abençoe seu filho, em oração pela paz de nós todos.

2 Sei que a senhora tomou a sua condução, de coração sequioso. Com fome de palavras, das palavras de seu filho que não a esquece.

3 Meu avô Norberto n me disse: Tadeu, meu filho, sua mãe está sozinha. A Salete n não se dispôs a acompanhá-la e a saudade é essa alavanca que lhe move o coração. Saudade, meu filho, parece um guindaste que transporta quem a sente para qualquer lugar, qualquer lugar onde esteja a pessoa que amamos; o sofrimento de nossa Iracy n tem sido imenso…

4 E estou aqui, mãe querida, para dizer-lhe que a morte não é separação. É mudança difícil de descrever, mas não passa de uma alteração assim como a lágrima quando desaparece de nossos olhos na terra para ser um vapor leve e invisível. A comparação é infantil, mas eu preciso encontrar algum símbolo para incorporar a ideia que me vem à cabeça.

5 Não ando esquecido e hoje quero dizer à senhora que, enquanto me banhava, antes do momento fatal em que a dor parecia me arrancar o coração do peito, eu estava escutando aquela novela “A Minha Doce Namorada”. Ouvia de longe, movendo-me com cuidado para recolher alguns sons, e pensava comigo mesmo que a minha doce namorada era a senhora mesma, que a senhora, com meu pai e Salete, Solange e Márcio n eram o tesouro que eu tinha. 6 Mas nesse adorno de preciosidades, você era a estrela maior que brilhava — minha ternura, minha mãe!

7 Foi nesse pensamento que a lei de Deus me mandou buscar no corpo. Perdoe-me se vim tão às pressas, sem falar quanto a amo querida mãezinha, mas quem de nós, por aí na Terra, sabe a hora desse adeus temporário mas doloroso?

8 Mas eu estava presente quando suas doces palavras me falaram: O que houve, meu filho? Sentia um torpor que me sensibilizava lentamente, mas, tanto quanto pude, demorei-me a ouvir sua voz, embora meus lábios estivessem mudos. 9 Agora que o tempo asserenou a violência do fogo daquele sofrimento que nos colheu de surpresa, agora que tudo está rearmonizado, quero dizer à senhora que os meus estudos no Liceu Acadêmico não foram encerrados. Estou melhor e mais experiente.

10 Aquelas supostas ideias de que fora eu quem desatara voluntariamente o curso do gás para arrasar-me, de algum modo, fizeram-me sofrer muito. Se o gás me ganhou os pulmões aflitos é que eu puxava involuntariamente por um apoio para escorar-me com segurança e clamar por socorro.

11 Mãezinha, eu daria tudo para estar aí, estudar muito e ser seu filho afetuoso e reconhecido. Peço-lhe deixar a tristeza de vez, embora a saudade seja uma espécie de doença com recidivas fatais. Estou bem porque a vejo mais confortada, porque vejo meu pai mais tranquilo.

12 Diga à nossa Salete que as dificuldades da alma são os passos para a vitória de que todos necessitamos. Se uma pessoa no mundo tivesse tudo o que deseja, se todos os nossos ideais fossem realizados, penso hoje que a evolução não existiria. 13 Às vezes, ansiamos por mais compreensão e mais amor da parte daqueles mesmos que convivem conosco; entretanto, é com aqueles com os quais convivemos sob o mesmo teto, que encontramos os nossos professores de redenção. 14 O lar é um grande instituto em que todo Espírito está internado provisoriamente no Plano Físico. Uns demoram em cursos longos, mas outros, qual me sucedeu, foram matriculados em cursos rápidos.

15 A senhora não julgue que estamos aqui, serenamente, sem sofrer os entrechoques da vida. Nós todos estamos na luta dentro de nós mesmos para sermos melhores. Os que ficam aí na Terra estão ligados conosco de modo indescritível e precisamos aprender compreensão e tolerância, amor verdadeiro e fé positiva para ser-lhes úteis.

16 Não se demore nas lágrimas de saudade, tão nossas conhecidas. Eu, que lhe falo para não chorar, não escrevo essas palavras sem que o pranto me escorra dos olhos. Estamos nessas contradições que Deus perdoa, isso porque estamos juntos e separados, mudos e fora do circuito em que respiramos o mesmo ar que nos alimenta. Mas é isso mesmo.

17 Mãe querida, tenho visto fontes que nascem de pedras que parecem roupas invisíveis e penso em mim mesmo. Um coração que deve estar forte e, entretanto, não sabe escrever, como nesta hora sem chorar, mas choro de alegria ao imaginar que a senhora voltará consolada.

18 Vovó Sílvia, que me assiste, e tio Nolasco n me afirmam que somos e seremos criaturas humanas por muito tempo ainda. Lutemos por melhorar-nos.

19 Agradeço tudo que a senhora e Salete estão fazendo por auxiliar a nossa irmã Aparecida, n junto aos nossos irmãos internados no Lar da Caridade. 20 Mamãe, o bem é a moeda cujo valor não se modifica. O bem será sempre o bem para os outros e para nós mesmos. 21 Reconforte meu pai, sempre introspectivo, pensando e pensando; fale à nossa Salete que estou firme no curso fraterno e que procuro auxiliar ao nosso Renato, tanto quanto isso me é possível.

22 Mãezinha querida, agora devo terminar. Meu coração está no ponto final. 23 Quando a senhora estiver sozinha em suas orações, sinta o meu abraço. Quando estiver conversando comigo, através do retrato, lembre que estou ouvindo. E respondo aqui como respondo sempre, com um beijo filial em seu amado coração, que de tudo se esqueceu fora de nossa casa para pertencer ao nosso lar, sendo a nossa luz.

24 Mamãe, Deus aumentará suas forças. Fique certa disso e abençoe seu filho que descansa de novo a cabeça em seu colo. Ore, de novo comigo, fale; meu filho, vamos rezar o Pai Nosso? Eu estou ouvindo a sua voz, agradecendo a Deus tê-la por minha mãe.

25 Receba, mãezinha querida a ternura toda e todo o amor de seu filho, sempre seu filho do coração.


Ricardo Tadeu

26-3-1977.   


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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