1 Meu querido papai e querida mamãe, n começo estas notícias com a veneração da bênção que me ensinaram, pedindo a bênção de Deus em favor de todos nós.
2 Ouço as solicitações de casa e estou em dia, meu querido papai, com os seus desejos de saber alguma coisa de seu filho. Compreendo, sim, agora, com mais clareza, tudo o que sucedeu e o que vai acontecendo, como se nós estivéssemos em família, todos juntos, num filme de estranhas mas corretas dimensões, vivendo uma existência só, através de dois Mundos Diferentes.
3 A dificuldade do diálogo aberto é do lado de cá, porque ainda não temos linhas de comunicação com facilidade do lado terrestre para o nosso. 4 Entretanto, o que vem daí chega até nós com endereço exato, por isso sei o que sofreram todos com a ocorrência em que me vi despojado do corpo com tanta pressa. 5 Mamãe compreendeu e nossa querida Salete também, desde os primeiros passos de nosso intercâmbio, ela percebeu que a morte não me atingira senão a vestimenta física. 6 Papai, venho pedir ao senhor segurança e tranquilidade. Eu sei que a sua bondade me aguardava no tempo. Nós dois mais juntos, experimentando o comércio e reunidos numa iniciativa em que a prosperidade nos marcasse de perto com as melhores aquisições. Entretanto, a nossa união não foi alterada e a nossa riqueza de espírito, com tanta esperança boa no coração, é um investimento que está crescendo sempre para a nossa felicidade maior. 7 Muitas vezes, vou ao nosso escritório onde o senhor reserva espaço aos nossos papéis e aos nossos números e sinto que os seus pensamentos estão formando o meu retrato. É a hora de nossas saudades e de nossas lágrimas de dentro da alma para dentro do coração, mas desejo que o senhor saiba que estou perto, com muito mais compreensão do que antes. 8 Até que a vovó Sílvia me auxiliasse a deslindar aquele problema do gás intruso nos momentos derradeiros do corpo, sofri muito, porque não queria que o senhor tivesse a ideia de que seu filho esmorecera a ponto de desertar.
9 O senhor e mamãe sabem que buscara minhas notas e que estava entusiasmado para seguir nos estudos, mas a Lei de Deus assinalava o fim de minha existência no corpo. 10 Até que me parece estar chamando aqui, outra vez, do banheiro, ouvindo a televisão funcionando. n A televisão agora, papai, é o mundo e os chamamentos de seu filho são diferentes graças a Deus, posso dizer que me escutam. 11 Estou repetindo que estou vivo, que continuo buscando estudar e cumprir os meus novos deveres. Pensar que o senhor está me ouvindo, assim como já fui ouvido por mãezinha é toda a alegria que estou esperando.
12 Vim com a vovó Sílvia, com o vovô Rosário, n e conosco se encontram aqueles que considero também meus avós ou tios do coração. A irmã Josefina n e o irmão José Norberto, n com a irmã Nicoleta, n porque todos vieram abraçar a nossa querida Salete, trazendo a ela a certeza de que o lar com o esposo e os filhos queridos, nosso querido Márcio e nossa querida Solange, é o jardim de paz e felicidade, em que todos agradecemos à querida irmãzinha a abnegação em favor de todos nós.
13 Às vezes, papai, a existência na terra se torna mais áspera e mais difícil, no entanto, esse tesouro de amor que possuímos em casa é riqueza que não se altera.
14 Cultivemos sim a nossa união, porque a nossa união, baseada na compreensão de uns para com os outros, é a nossa felicidade. Na terra as lutas são sombras que passam, tempestades que chegam para valorizar a segurança e a luz do sol. Tenhamos fé em Deus e prossigamos na felicidade de nos pertencermos uns aos outros em casa, pelo trabalho e pelo amor.
15 Nossa irmã Benedicta está em nossa companhia e abraça a tia Maria César. n Nossa irmã e amiga Maria de Lima n abraça os amigos Rodgério, em nossas lembranças e o irmão ou tio Nolasco n está junto de nós saudando a todos. Segundo vemos, meu pai, a família prossegue aqui e na medida de nosso amor persiste a nossa união, depois do fato a que se convencionou chamar por morte.
16 Temos a vida e a vida é um dom de Deus que ninguém perderá. Desejava escrever mais, porém, Vovó Sílvia César pede o ponto final. A noite avança e preciso encurtar minha carta de filho.
17 Papai, façamos o bem quanto mais, para estarmos sempre melhores. Sei que a sua luta no comércio dos carros ainda é grande, mas tudo melhorará e quanto mais pudermos melhorar as condições dos outros, maior melhoria receberemos da Bondade Divina, porque a Bondade Divina está em toda a parte.
18 Mãezinha e Salete, perdoem se estou falando mais detidamente ao papai. É saudade de filho querendo consolo e dor de separação pedindo alívio.
19 Queridos de meu coração, fiquem com Deus e abençoem-me.
20 Salete, Jesus guarde você e a nossa felicidade, papai e mamãe com todos os nossos recebam todo o carinho e toda a gratidão no beijo do filho, sempre filho reconhecido que lhes oferta o coração,
Ricardo Tadeu.
(Mensagem recebida pelo Médium Francisco Cândido Xavier, ao final da reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 21-11-1975, em Uberaba, Minas Gerais).
ESCLARECIMENTOS
1 — Segunda mensagem de Ricardo Tadeu, ao final da reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 21-11-1975.
2 — A novela era “Minha Doce Namorada”, segundo o garoto Márcio Marcelo Parisi. Dona Salete confirmará depois, por gentileza, qual era o programa de televisão.
3 — Vovô Rosário — Sr. Rosário Richetti, pai do Sr. Américo Richetti desencarnado em 1969, em São Paulo, talvez no mês de setembro. Dona Salete confirmará depois.
4 — Josefina — avó do marido de D. Salete (Renato Parisi) — desencarnada em 1970.
5 — José Norberto — pai de Dona Iracy — José Norberto de Oliveira — desencarnado a 27 de setembro de 1970 em São Paulo.
6 — Nicoleta — Nicoleta Aversa Parisi — mãe de Renato Parisi, marido de D. Salete. Desencarnada há 17 anos, na capital bandeirante. Márcio e Solange — com 9 anos e 7 anos — filhos de D. Salete e Renato Parisi, presentes à reunião.
7 — Tia Maria César Camacho — reside em São Paulo é irmã de D. Sílvia, avó de Ricardo.
8 — Maria de Lima — mãe de um tio de D. Salete — a irmã de D. Iracy é casada com um filho dela. A irmã se chama Jandira de Oliveira Rodgério e reside em São Paulo.
9 — Irmão ou tio Nolasco — Benedicto Nolasco César, irmão de Dona Sílvia, desencarnado 3 ou 4 anos antes da desencarnação de Dona Sílvia.
Uberaba, 22 de novembro de 1975.
O médium jamais tomou conhecimento de qualquer nome citado na mensagem, com exceção dos que figuram na primeira mensagem que hoje faz parte do
livro “Entre Duas Vidas”.
Elias Barbosa
(Elias Barbosa — Rua Tristão de Castro, 37 ou Av. Terezinha Campos Waak, 75 — 38.100 — Uberaba, MG. — Fones: 3332-4348 e 3332-4409.)